Durante o mês de maio, ações em todo o país reforçam a importância da conscientização sobre a asma, doença respiratória crônica que, segundo especialistas, ainda é negligenciada por muitos pacientes. Em entrevista ao programa Tom Maior do Sistema Sagres, a médica pneumologista Daniela Campos participou de uma conversa esclarecedora sobre os sintomas, diagnóstico e tratamento da doença.
“A asma é uma doença inflamatória crônica, que vem com agudizações. O bronco fecha por um processo inflamatório e, às vezes, sem uma causa aparente. É importante entender que não tem asma quem quer, tem asma quem pode, geralmente por herança genética”, explicou a especialista.
Segundo a médica, ainda há muita confusão entre asma e bronquite, mas a diferença principal está na origem e persistência da doença. “A bronquite é um processo inflamatório crônico causado, na maioria das vezes, pelo cigarro. Já a asma é genética e, uma vez diagnosticada, o paciente vai conviver com ela para o resto da vida. Mas, com tratamento adequado, é possível ter uma vida normal”, esclareceu.
Um dos principais desafios é identificar sinais de alerta, especialmente em crianças pequenas. “Tosse persistente por mais de duas ou três semanas, chiado no peito, cansaço durante brincadeiras, fala entrecortada e dificuldade para acompanhar o ritmo das outras crianças são sinais que devem chamar a atenção dos pais. E se houver histórico familiar, é ainda mais importante investigar”, destacou.
O diagnóstico, conforme explicou, é predominantemente clínico, complementado por um exame chamado prova de função pulmonar (espirometria), que mede a capacidade respiratória. “É um exame simples, que ajuda a classificar a gravidade da doença e avaliar a resposta ao tratamento. Felizmente, muitas cidades do interior já contam com estrutura para esse tipo de avaliação”, afirmou.
A doutora também destacou a importância do tratamento contínuo. “O maior erro é usar o medicamento apenas nas crises. É como hipertenso que só toma remédio quando a pressão está alta. A asma precisa ser tratada diariamente, mesmo sem sintomas, porque a inflamação está ali. Se você trata bem, a criança pode correr, brincar, chupar picolé e ter uma vida comum.”
Outro ponto enfatizado foi a atenção ao ambiente doméstico. “Poeira, mofo, produtos com cheiro forte e, especialmente, gatos — que têm um alto potencial alérgico — devem ser evitados. E quem tem asma não pode participar da faxina. A casa precisa estar preparada para acolher um asmático”, alertou.
Apesar da gravidade, a doença pode ser controlada com acesso a medicamentos — muitos deles disponíveis gratuitamente pelo SUS e pela Farmácia Popular. “Falta informação. O SUS fornece broncodilatadores e corticoides inalatórios. Com orientação e acompanhamento, o paciente consegue ter qualidade de vida”, garantiu.
*Este conteúdo está alinhado aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), da Agenda 2030, da Organização das Nações Unidas (ONU). ODS 03 – Saúde e Bem-Estar
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