Com o intuito de garantir condições de existência digna aos povos originários em todo o mundo, a Organização das Nações Unidas (ONU) criou em 9 de agosto de 1995 o Dia Internacional dos Povos Indígenas. A professora Cristine Takuá avaliou que é um dia de reflexão para os brasileiros.

Confira a entrevista na íntegra:

“É um dia de muita reflexão, um dia que paramos para pensar em toda a história do nosso país. Infelizmente, eu vejo, enquanto educadora, que as escolas não estão dando conta de passar para as crianças e jovens a verdadeira história do nosso país”, disse.

Takuá é formada em Filosofia e também leciona Sociologia, História e Geografia. Além disso, é membro fundadora do Fórum de Articulação dos Professores Indígenas do Estado de São Paulo. Ela afirmou que transmite esse ensinamento através do trabalho nas salas de aula.

“Os saberes indígenas não precisam ser ensinados somente na aula de história, mas nas artes, na filosofia, em várias áreas do saber. Esse é um pensamento que venho refletindo. […] É um momento de parar e pensar porque no século 21 ainda tem racismo, preconceito e tanta perseguição com os povos originários”, pontuou.

Leia também: Programa Alfabetização e Família oferece curso para adultos

Cristine Takuá destacou a importância dos povos indígenas na conservação de florestas, rios e toda diversidade vegetal, animal e mineral imprescindíveis para a manutenção da vida. Mesmo existindo a lei 11.645, que fala da obrigatoriedade de ensinar esses saberes, para a professora, os profissionais de educação não estão preparados para ensinar os saberes indígenas no Brasil.

“Eu vejo que muitos professores das redes municipal e estadual não têm preparo para lidar com essa diversidade cultural e linguística dos povos indígenas do Brasil. Temos mais de 300 povos convivendo hoje com mais de 180 línguas sendo faladas. […] Como o professor vai dar conta de ensinar o que ele não sabe?”, questionou.

Apesar da preocupação com a falta de preparo dos professores da educação básica, Cristine Takuá apontou que atualmente existem meios que facilitam a produção e o acesso a conteúdo sobre cultura indígena.

“Hoje temos uma aliada muito forte que são as redes, a própria internet. Se você coloca no Google literatura indígena ou cinema indigena, existe uma potente produção de literatura indígena por jovens, homens e mulheres que estão registrando as suas narrativas, as suas histórias ancestrais e esses livros estão disponíveis na internet”, destacou.

Leia mais: