O Dia Mundial do Café é celebrado neste 14 de abril. Uma das bebidas mais consumidas do mundo, a produção de café já foi o principal sistema econômico do Brasil e responsável pelo desenvolvimento industrial de Minas Gerais e São Paulo, por exemplo. O cafezinho vai bem logo no começo do dia, durante o trabalho, em uma reunião, para receber visitas em casa ou mesmo para harmonizar com alguma refeição. Consumido de diversas maneiras, ele pode ser um aliado no dia a dia ou um vilão para o estômago.

“A diferença entre veneno e remédio é a dosagem”, afirma a nutricionista esportiva Beatriz Santana, pesquisadora das propriedades do café. Se consumido de maneira equilibrada, a cafeína, principal substância presente no grão, reduz a sensação de cansaço e melhora o funcionamento da mente, deixando-a mais ativa. O café também pode ser utilizado como pré-treino, ou seja, como um aliado para aumentar a disposição antes de uma atividade física.

Em contrapartida, se consumido em excesso, a bebida pode levar ao vício, provocando um quadro de abstinência, o que pode gerar dor de cabeça, por exemplo. Beatriz Santana explica que no caso de pessoas diagnosticadas com labirintite, a abstinência pode provocar tontura e enjoo. “Realmente é uma questão de dosagem”, explica a nutricionista.

Os apreciadores da bebida que têm histórico de gastrite e refluxo devem tomar cuidado com o consumo de café, que é um irritante gástrico. “Se você estiver com o estômago um pouco sensível, se você tiver uma úlcera gástrica ou uma ferida, ele vai machucar mais ainda. Logicamente, se você tiver um estômago saudável, isso não é um problema”, explica Santana, ressaltando que a cautela é sempre bem-vinda.

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Moagem

O café moído logo antes do preparo, sem armazenagem por um longo período, é o ideal para quem gosta de apreciar o sabor. Beatriz explica que o café moído no momento do preparo sofre menos contato com o ar e, por isso, perde menos sabor. “Até o aroma dele é diferente e a gente vai conseguir realmente ter notas melhores. Talvez até a extração da cafeína seja melhor”, afirma.

Para cada coloração do grão que será moído (clara, média ou escura), existe um sabor diferente que interfere principalmente na sensação de amargor. A torra clara produz um café com maior nível de acidez, porém com sabor menos intenso e coloração âmbar. Já a torra média, a preferida dos brasileiros, produz um café marrom-caramelo e tem sabor mais amargo, porém mais suave quando comparado à torra escura, que produz o café preto, com forte sabor amargo e baixo teor de acidez.

Preparo

O consumo de café ocupa um vasto terreno no mundo da gastronomia. Mais do que a maneira correta ou errada de realizar o preparo, existem diferentes sabores e qualidades da bebida, para todos os gostos. A maneira de preparo mais comum no Brasil é por meio da filtragem com um coador. Nesse processo, o pó pode ser adicionado tanto na água fervente como diretamente no filtro.

Já o preparo por infusão, técnica também conhecida como prensa francesa, quando o pó fica em suspensão na água quente. O café é preparado por meio da pressão de um êmbolo sobre a água com café suspenso. “(A infusão) tem um contato mais demorado com a água. Então a gente tem uma moagem um pouquinho maior e uma moagem mais granulada […] A gente vai ter um café menos intenso, porém com maior quantidade de cafeína”, explica Santana.

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O preparo por meio da cafeteira italiana é um recurso ideal para quem gosta da bebida mais intensa. “O café vai ter um contato extremamente rápido com a água. A pressão vai fazer com que passe muito rápido e aí a gente vai ter um café extremamente intenso, muito similar a um café expresso. Os métodos vão variar o tempo de contato que o café vai ter com a água. E aí realmente a gente pode ter vários tipos de café preparados, dependendo de qual você escolher”, explica Beatriz Santana.

Além de possuir diferentes maneiras de preparo, o café é um potente ingrediente no preparo de receitas. Ele harmoniza com pratos principais, de almoço ou janta, e pode vir a ter notas chocolate, castanha, melaço e outras. O famoso café expresso também é utilizado no preparo de drinks, sejam eles quentes ou gelados.

Qualidade

O café mais comum no Brasil, encontrado nos supermercados convencionais, geralmente não apresenta o nível de pureza ideal para saborear a bebida. Beatriz Santana explica que os grãos desses produtos passam por um processo intenso de torragem, que mistura até mesmo pedaços de folhas e do caule da planta. “Quando a gente vai para os cafés mais gourmetizados, a gente consegue achar realmente o grão por si só. E eles vão ter geralmente uma torra média, porque a gente vai conseguir saber o que é que a gente está provando”, explica a nutricionista esportiva.

Outra modalidade muito consumida no Brasil, mas que não apresenta a pureza dos grãos, é o café solúvel. Ele é composto de extrato de café, ou seja, não há a presença do grão puro.

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