31 de agosto de 2016. Nesta data, a ex-presidente Dilma Rousseff foi condenada pelo senado no processo de impeachment pelas chamadas pedaladas fiscais. O impeachment foi aprovado por 61 votos a favor e 20 contra. Não houve abstenções.
Um ano após o impeachment, Dilma decidiu quebrar o silêncio. Em entrevista concedida ao programa “Mariana Godoy Entrevista” da Rede TV, ela avaliou o atual cenário político do país, criticou a politização do sistema judiciário brasileiro, e relatou ter sido sondada pelo deputado cassado Eduardo Cunha (PMDB).
De acordo com Dilma, sua exclusão da presidência tem total relação com o debate acerca da regulamentação da mídia, bandeira histórica do Partido dos Trabalhadores. Após a reeleição, em 2014, Rousseff defendeu abertamente o fim dos monopólios na comunicação, o que desagradou parte da imprensa.
Em uma análise direta, a ex-presidente disse que Cunha negociou com a grande mídia para não ser criticado às vésperas da eleição para presidente da Câmara, fato que aumentou a pressão sobre o governo. “Ele (Cunha) negociou para não deixar nenhum projeto sobre a regulamentação da mídia passar. Essa foi a barganha que ele fez para receber uma redução de críticas às vésperas da indicação dele para a presidência da Câmara. Nós fomos contra a eleição dele e votamos em outro candidato. Seria mais fácil ter apoiado o Cunha, mas custaria caro”, conclui.
Além disso, Dilma Rousseff afirmou que o judiciário brasileiro está muito politizado e condenou o fato de ter sido gravada sem autorização do Supremo Tribunal Federal (STF). “O judiciário está muito politizado. Veja o caso da divulgação da conversa que eu tive com o ex-presidente Lula (a presidente se refere ao diálogo em que diz para Lula: estou mandando o ‘Bessias’ aí), ao gravar um presidente eleito e divulgar uma gravação que não teve autorização, é algo que em qualquer país do mundo seria objeto de uma grave intervenção da justiça em si mesma. Isso é inadmissível. No Brasil hoje, todos os três poderes brigam entre si”, declara.