Um levantamento do Instituto Socioambiental, com dados do Projeto de Monitoramento do Desmatamento na Amazônia Legal por satélite do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), apontou que o desmatamento aumentou 79% no governo de Jair Bolsonaro em comparação aos três anos anteriores nas áreas que deveriam ser protegidas na Amazônia. Em entrevista à Sagres, na manhã desta quinta-feira (23), o professor da Universidade Federal de Goiás (UFG) e pesquisador de questões ambientais e climáticas, Giovanni Mascarenhas, disse que o avanço do desmatamento foi promovido pelo discurso político do governo.
“Apesar de mudanças na legislação não terem sido tantas sobre a proteção ambiental dentro do governo Bolsonaro, teve uma mudança política muito grande. E essa mudança de discurso que institucionaliza a invasão de terras indígenas, de áreas protegidas, gera confiança de a ilegalidade não será punida”, opinou.
Para o pesquisador, “as pessoas que estão propostas em cometer ilegalidades” tentam se apropriar de terras protegidas, pela União. “E, talvez, [para essas pessoas] a terra seja recompensada. Recompensada como? Será admitida a invasão e você poderá retirar riquezas daquela região para apropriar aquilo para si”, explicou Giovanni Mascarenhas.
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De acordo com o professor, a legislação precisa caminhar ao lado de políticas que combatam o desmatamento. Contudo, isso não é observado no governo Bolsonaro.
“O que a gente tem visto é pessoas muito importantes do Ministério do Meio Ambiente dizendo que vão liberar cargas de madeireiros ilegais, presidente criticando ações do Ibama, desmontando o ICMBio, dentre tantas outras atividades que demonstram cada vez mais que todas essas atividades vão passar impunes”, comentou.
Isso acaba por afetar “as áreas que a legislação diz que são extremamente importantes para nossa vida”, reforçou Giovanni.
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Além disso, o pesquisador destacou que a saída de Ricardo Salles do cargo de ministro do Meio Ambiente foi um movimento político para diminuir a pressão sobre Bolsonaro, já que o Salles aparecia muito na mídia.
“Foi a retirada de um peão que estava gerando transtornos por conta de seus discursos, por conta da forma que aparecia na mídia, para colocar uma outra pessoa que compreende a mesma política, que não mudou nenhum segundo e vai causar menos transtorno por aparecer menos”, completou.
Assista à entrevista no Sagres Sinal Aberto:
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