Um texto cheio de orgulho pelo Atlético-GO e sua campanha na Copa Sul-Americana 2021, escrito pelo historiador rubro negro Paulo Maskote. Compartilho aqui no meu espaço no Sagres Online, como forma de reconhecer a boa campanha do Dragão que cruzou fronteiras e não foi derrotado nenhuma vez. A classificação não veio, mas a marca do clube ganhou espaço nas América.

Texto – Paulo Maskote

Finalizou-se nesta semana a participação do Atlético Goianiense na Copa Sulamericana, edição 2021. O gosto amargo da desclassificação se misturou com um orgulho de ver o Dragão terminar a competição de forma invicta, coroando uma trajetória de jogos internacionais que começou em 1958.

O Dragão Campineiro fez seis jogos pela Copa Sulamericana, venceu duas partidas e empatou quatro, e foi deixando marcas cravadas na história do clube, do bairro de Campinas e do futebol goiano. Vejamos, o Atlético se tornou o primeiro clube goiano a vencer duas partidas internacionais fora de casa (Libertad, no Paraguai, e Palestino, no Chile) e foi também o primeiro clube goiano a jogar uma competição internacional em seu estádio próprio. Mesmo sem poder estar nas arquibancadas, os rubro negros vibraram de casa, do bar, do trabalho, vendo, na TV ou na Internet, o tradicional Estádio Antonio Accioly receber argentinos, chilenos e paraguaios.

E, como gosto de dizer, tudo no nosso Dragão transpira História e Tradição. O Atlético encerrou sua participação na Sulamericana exibindo um de seus novos uniformes, da linha de 2021, fazendo menção à camisa número dois que o clube usou na conquista do Campeonato Goiano de 1944, branca e com faixas transversais rubro negras. Aliás, tivemos duas referências históricas em campo nesse jogo, pois o uniforme do time argentino, o Newells Old Boys, era semelhante a um dos uniformes alternativos rubro negros que o Dragão usou também nos seus primórdios, com a camisa dividida verticalmente ao meio nas cores vermelho e preto. Tudo isso não escapou ao olhar do Professor Ubiratan Francisco, atleticano de longa data, que já me mandou mensagem falando sobre as camisas do nosso Dragão assim que a equipe entrou em campo.

Nosso Atlético se orgulha de suas proezas internacionais. No Estádio Olímpico, o Dragão Campineiro se destacou por ser o primeiro clube goiano a realizar um jogo internacional, foi o empate contra o Villa Rica do Paraguai, em 1958. Também no Olímpico, em 1970, o Dragão já enfrentou o Alianza Lima do Peru, e ainda, no mesmo ano, venceu um time europeu, o CSKA, da Bulgária. No gigante Estádio Serra Dourada, as façanhas não foram menos marcantes, como o fato de ter vencido o tradicional time do Nacional do Uruguai, em 1975, empatar sem gols contra a Seleção Sul-americana em 1979 e depois vencer o Universidad Católica do Chile, em 2012. Pois agora, em 2021, Atlético Goianiense mostrou a sua casa, o Estádio Antonio Accioly, a Campininha das Flores, para o mundo inteiro conhecer em uma competição internacional.

Os principais Estádios do futebol goiano puderam ver o Dragão desfilar seu futebol e feitos internacionais através das décadas, e essa geração atual de torcedores viu ainda mais, mesmo à distância, e sabe que jamais irá esquecer que vencemos um jogo em um dos maiores palcos do futebol Sulamericano, o Estádio Defensores Del Chaco. Não sairá de nossas cabeças o golaço de Zé Roberto, as arrancadas de Janderson, as defesas firmes do goleiro Fernando Miguel, nosso zagueirão Nathan na seleção de uma das rodadas da Copa Sulamericana 2021 e do narrador e dos comentaristas em transmissão para todo o país dizendo que “o rubro negro goiano é o Brasil na Sulamericana, o Atlético é o Brasil contra os argentinos, e os Paraguaios, e os Chilenos… é o maior do Centro Oeste em campo… vai Dragãooo”.

Atlético no Estádio Marcelo Bielsa, em Rosário – Argentina (Foto – Divulgação Conmebol)

Paulo Winicius Maskote – Diretor de Patrimônio Histórico e Cultural do Atlético Goianiense, Historiador, Professor, Doutorando em História pela USP, Sócio Proprietário do Atlético.