A cidade precisa de educação formal e o fato é que um volume cada vez maior de dinheiro não garante qualidade. A afirmação encontra eco em um estudo elaborado por analistas de finanças e controle da Secretaria do Tesouro Nacional. A pasta é vinculada ao Ministério da Fazenda.

O trabalho, que foi divulgado na página oficial do governo federal, conclui que ao menos 40% dos recursos gastos por prefeituras brasileiras no ensino fundamental são desperdiçados, seja por corrupção ou ineficiência da máquina pública.

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O texto revela que os recursos disponíveis são mais do que suficientes para o cumprimento das metas do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb). Logo, o problema dos municípios seria a má gestão e não a falta de dinheiro.

O cenário analisado pelos estudiosos diz respeito a 4,9 mil prefeituras, ou seja, 88% dos municípios brasileiros. A conclusão joga, ainda mais, gasolina no inflamado debate. O Senado está para votar projeto de lei do novo Plano Nacional de Educação (PNE), que propõe aumentar o gasto público com ensino para 10% do PIB, ao longo dos próximos dez anos. Em 2011, o gasto estava em 5,3% do PIB.

Palácio do Planalto não gostou do resultado, alegando que há variáveis não consideradas no estudo. Bobagem. Essencialmente, o resultado se revela pertinente. A realidade da maioria dos municípios é de total amadorismo. Os prefeitos não buscam se abrirem a novos horizontes, aplicando, assim, a mesma fórmula de gestão que garante eleição vitoriosa e resultados sócio-econômicos pífios.

Sabem vaiar presidente mulher, mas não dão conta de chegar numa universidade e pedir para que a academia os ajude a pensar projetos. Querem é inchar a máquina, para viabilizar renda á população, como um outro estudo revela que nos últimos três anos os quase 5,6 mil municípios brasileiros criaram 64 novos cargos comissionados.

É chegado o momento de tirar os olhos do próprio umbigo e sair garimpando saídas. É óbvio que educação se faz com dinheiro, mas, também, com criatividade, qualificação e foco no aluno. A continuar esse jogo de empurra e quero mais dinheiro, quem perde é o país. Há tempos, o poder público deixou de ser o único provedor. Sua estrutura é muito mais reguladora. Prefeitos, acordem. As urnas e a história não perdoam. Os analfabetos funcionais de hoje podem ser os mandatários de amanhã. E como é que fica?