Terremoto no Haiti

Comandante militar da missão da ONU, general brasileiro Floriano Peixoto Vieira, relata ao ministro da Defesa, Nelson Jobim, situação de caos da capital haitiana

 

 

Da Agência Brasil

 

Porto Príncipe (Haiti) – Corpos espalhados pelas ruas – alguns cobertos, outros expostos – e população em pânico carregando os mortos e feridos entre escombros. Esse era hoje (13) o cenário em Porto Príncipe, capital do Haiti, atingida por um terremoto às 16h53 de ontem (12), no horário local – 19h53 no horário de Brasília. O terremoto fez ruir os três principais hospitais da cidade e derrubou pelo menos dois grandes hotéis, além de destruir prédios públicos, como o Senado, que desabou em pleno funcionamento, e do palácio do governo.

 

O relato do comandante militar da Missão das Nações Unidas para a Estabilização do Haiti (Minustah), o general brasileiro Floriano Peixoto Vieira, ao ministro da Defesa, Nelson Jobim, retrata a situação de caos da capital haitiana. No entanto, revela pouco da destruição causada pelo terremoto. “Nosso primeiro trabalho foi usar a engenharia para desobstruir as principais vias da cidade. Mas ainda não conseguimos chegar para ajudar. Não temos condição de avaliar o número de mortos. Sabemos que é uma quantidade muito elevada”, diz o comandante.

 

Na frente da base Charles, onde fica a maior parte do contingente brasileiro no Haiti, centenas de haitianos se concentram pedindo ajuda. Cerca de 70 feridos graves chegaram a ser atendidos pelos militares e se recuperam em alojamentos improvisados. Também estão na base Charles os corpos de 14 militares brasileiros mortos e da coordenadora da Pastoral da Criança, Zilda Arns, que fazia uma palestra para padres e seminaristas em uma escola de Porto Príncipe quando ocorreu o terremoto.

 

“Ela estava saindo da escola quando o prédio desabou. Fui pessoalmente pegar o corpo dela. Sei que ainda há 16 padres soterrados”, disse a embaixatriz brasileira no Haiti, Roseana Kipman.

 

O comandante Floriano Peixoto disse a Jobim que, no momento, o país precisa de água, remédios e equipamentos pesados de engenharia para remover os escombros, além de médicos e engenheiros. “Precisamos desses equipamentos com urgência para tentar salvar pessoas que estão vivas debaixo dos escombros.”

 

A missão brasileira de ajuda humanitária desembarcou em Porto Príncipe às 17h50 de hoje (20h50 no horário de Brasília). Após ouvir o relato do militares, Jobim disse que a intenção do governo brasileiro é montar hospitais de campanha para atender os feridos. De acordo com o ministro, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva recomendou a montagem dos hospitais.

 

No Brasil, o Ministério da Saúde já está embalando o primeiro lote com 10 mil kits contendo cerca de 48 medicamentos necessários para situações de emergência. De acordo com diretor de Vigilância em Saúde Ambiental do Ministério da Saúde, Guilherme Franco, que está na missão brasileira, esses medicamentos deverão ser embarcados nesta quinta-feira (14).