Tomar decisões conscientes e que ajudem a reduzir o desperdício de alimentos em todo o planeta, desde a produção até o consumo. Esse é um dos objetivos da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). A iniciativa está alinhada ao Objetivo de Desenvolvimento Sustentável número 2 (ODS 02) da Agenda 2030 da ONU – Fome Zero e Agricultura Sustentável.

No entanto, o analista da Embrapa Alimentos e Territórios, Gustavo Porpino, em entrevista à Sagres TV nesta quinta-feira (22), destaca a complexidade desse objetivo. “Envolve reduzir perdas desde dentro da porteira na fazenda até a questão de mudança de hábitos de consumo nas famílias, e tem também o papel do varejo que é muito importante. O varejo interage com produtores rurais, com indústrias, com as famílias e cidadãos no dia a dia, então é muito importante também trazer o setor privado, as redes varejistas, a indústria para essa discussão e tomada de ações”, afirma.

Segundo Porpino, o foco precisa estar nos grandes produtores e distribuidores de alimentos. “No Brasil temos milhares de feiras livres com grande volume de desperdício de alimentos. Temos as Ceasas com oportunidades de ação, e também os supermercados médios e grandes principalmente”, esclarece.

Gustavo Porpino no Sagres Em Tom Maior #315 (Foto: Sagres TV)

Exemplos de ações

O analista da Embrapa acredita que desenvolver meios de evitar o desperdício pode trazer benefícios não apenas ao meio ambiente, mas às próprias empresas e ao comércio de tecnologias, tão necessárias para o crescimento dos pequenos produtores.

“Gerar novos modelos de negócio no varejo, fazer conexão direta via aplicativo ou outras ferramentas digitais de pequenos produtores com os consumidores urbanos; modelos de negócio que conectem o varejo que tem alimentos excedentes para doar como banco de alimentos e conectar doadores com receptores e pensar na lógica da economia circular, em que há uma infinidade de oportunidades para o empreededorismo como dar novos usos a resíduos de determinadas cadeias produtivas que não necessariamente seriam aproveitados como, por exemplo, a fibra do cajú que a Embrapa já trabalha com o hamburguer de cajú, resíduos da produção do cacau na indústria do chocolate que não são utilizados e podem entrar na composição de bebidas probióticas e várias outras ações”, enumera. Confira a entrevista na íntegra a seguir

Sem Desperdício

No final de 2016, a Embrapa em parceria com a WWF-Brasil lançaram a campanha #SemDesperdício com o apoio da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO Brasil). Esses parceiros históricos acabam de assinar um novo acordo de cooperação técnica (ACT) visando o avanço em várias frentes comuns. Um dos objetivos é garantir o acesso público e facilitado ao conhecimento disponível sobre alimentos, e sensibilizar e estimular consumidores a tomarem decisões cada vez mais sustentáveis

Os signatários assumem compromisso mútuo de perseguir uma série de objetivos, como divulgar informações relevantes sobre sistemas alimentares saudáveis e circulares para as partes interessadas e contribuir para a elaboração de materiais educativos para a conscientização sobre dietas sustentáveis e desperdício de alimentos, visando especialmente os segmentos de jovens adultos e o público escolar.

Dentre as primeiras atividades da parceria estão a participação conjunta em Grupo de Trabalho, liderado pela ONU Meio Ambiente, para propor ações visando a redução do desperdício de alimentos na América Latina com enfoque nas etapas de varejo e consumo, e ações de comunicação em mídias sociais por meio dos perfis da campanha Sem Desperdício.