A temporada de despedidas está aberta e a primeira delas foi de um grande ídolo da torcida colorada. O atacante Frontini, um dos principais nomes do Vila Nova na conquista da Série C do Brasileirão e no acesso à Série B em 2013, foi ao Onésio Brasileiro Alvarenga na tarde desta segunda-feira, 28, e fez um pronunciamento emocionado comunicando seu desligamento do Tigre.
“Comunico que a partir de hoje não faço mais parte do Vila Nova. Queria agradecer imensamente o carinho que o torcedor teve comigo. Me apoiou nos momentos que mais precisei, cobrou na hora de cobrar. Passei dias muito felizes aqui, que dificilmente vou esquecer. Gostaria muito de permanecer para o ano que vem, mas tenho que entender que é um planejamento novo. Vou torcer para o clube. Ficará minha eterna gratidão. Espero que o clube continue um caminho vencedor”, declarou.
Durante o discurso de despedida, Frontini não deixou de citar o momento complicado que enfrentou neste ano. Em agosto, o atacante foi afastado do grupo principal e passou a treinar em um time secundário. Somente em setembro o argentino resolveu o litígio com a direção e foi reintegrado ao elenco, inclusive voltando a ser utilizado pelo treinador Guilherme Alves nas partidas da Série B.
O argentino revelou que deixa o Vila Nova com cinco meses de salários atrasados, mas garante que ainda não procurou a justiça e exime o atual presidente Ecival Martins da culpa pela situação financeira ruim.
“Mesmo com o momento complicado que passei aqui, tentei sempre trabalhar de uma maneira correta, respeitando a instituição. Talvez quem estava no comando do clube naquele momento não entendeu dessa forma. Hoje, saindo do clube com cinco meses de salários atrasados, continuo treinando, respeitando e não procurei a justiça, sempre tentei resolver de uma forma tranquila, transparente. Quero deixar bem claro que o presidente Ecival não é culpado, mas sim que o deixou nessa situação. No que depender de mim, vou fazer de tudo para resolver tudo de maneira transparente e tranquila”, afirmou.
Explicações
O principal motivo do afastamento de Frontini foi uma divergência com o então presidente Gutemberg Veronez. À época, as partes não chegaram a um acordo de rescisão, pretendido pelo mandatário. Descontente, Veronez decidiu por colocar o atacante para treinar em separado, assim relata o atacante, que ressalta que foi apoiado pela torcida e pelo treinador Guilherme Alves.
“O principal problema foi o lado financeiro. O Guto entendeu que não tinha como me pagar aquilo ou eu não merecia aquilo. Mas a gente tem um contrato feito. Em uma conversa com ele, falei que quando eu estava fazendo muitos gols ano passado, nunca pedi para ganhar mais e não era no momento que estava na reserva que queria ganhar menos. Se a gente tem um contrato, a gente vai cumprir. Ele não entendeu dessa forma, e queria que eu saísse do clube de qualquer jeito. Recebi um apoio muito grande da arquibancada. Eu tinha o apoio do treinador, que acho que é o mais importante”, disse.
Futuro
Ao se despedir do Onésio Brasileiro Alvarenga, Frontini demonstrou muita consternação. O atacante se expressava com a voz embargada, e quase não conteve as lágrimas ao falar da relação de amor com o clube colorado. A forte ligação com o Vila Nova criou também um vínculo grande com Goiânia, o que faz com que o argentino expresse o desejo de acertar com uma equipe do Campeonato Goiano.
“Se tiver alguma coisa para eu continuar morando no mesmo lugar, meus filhos estudarem no mesmo colégio, eu vou ficar. Mas se houver alguma coisa muito melhor, tenho que entender que é hora de mudar. O primeiro pensamento é continuar aqui em Goiânia. Gosto muito daqui, gosto muito do Campeonato Goiano. O primeiro passo é tentar ficar no futebol goiano”, revela.
Com a camisa do Vila Nova, Carlos Esteban Frontini disputou 91 partidas e anotou 42 gols. Foram 48 vitórias, 19 empates e 24 derrotas. O argentino conquistou a Divisão de Acesso e a Série C pelo Tigrão, ambos títulos em 2015.