O ensino domiciliar voltou a ganhar os holofotes após a aprovação do projeto na Câmara dos Deputados. A proposta visa a regulamentação desse modelo de educação, mais conhecido como ”homeschooling”.

O texto foi aprovado pela Câmara Federal na última quarta-feira (18) e está entre as prioridades do presidente Jair Bolsonaro (PL) no Congresso, e agora está sob análise no Senado. O assunto tem motivado debate sobre os efeitos dessa nova prática na educação brasileira.

Em entrevista à Sagres TV nesta quarta-feira (25), o gerente de articulação do Movimento pela Base, João Paulo Cêpa, explica como funcionaria o ensino em casa. Assista a seguir

”O ensino domiciliar permite que, a princípio, o processo de escolarização aconteça em casa, orientado pela família ou por um preceptor. Então, na verdade, a escola deixaria de ser o centro do processo educativo, e esse espaço de mediação pedagógica seria completamente transferido para a residência”, afirma.

Especialistas temem que a nova modalidade aumente as deficiências no processo de educação de crianças e adolescentes.

Para o coordenador de Educação do Instituto Alana, Gabriel Salgado, o homeschooling não privilegia estudantes de famílias de baixa renda ou que estejam em situação de vulnerabilidade social e econômica.

”Uma proposta de ensino domiciliar exclusivo limita e muito o repertório dos estudantes, o repertório que passa não só pela aprendizagem dentro de sala de aula, pelos educadores, mas também pelo convívio dos demais colegas e por todas as atividades que são realizadas dentro de uma unidade educacional”, analisa.

De acordo com Gabriel Salgado, a proposta de ensino domiciliar também desconsidera a carreira e o conhecimento científico construídos pelos educadores.

”A gente sabe que são profissionais formados, que deveriam ser mais valorizados, e que infelizmente uma proposta da forma como está, olha com um olhar de desvalorização da carreita docente”, aponta.

Segundo João Paulo Cêpa, pais e responsáveis teriam que trabalhar menos para poder acompanhar os filhos nas atividades escolares, que passam a ser feitos em casa, além da falta de controle sobre os materiais utilizados nesse tipo de ensino, ou seja, se estariam de acordo com o que prevê a Base Nacional Comum Curricular (BNCC).

”Como a gente vai garantir que isso, de fato, está acontecendo na casa das nossas crianças? Vale lembrar que existem dados que mostram que o nível de participação dos pais e responsáveis na educação dos filhos não é tão grande quanto a gente gostaria”, argumenta.