O cenário de mais uma derrota do Vila Nova nesta Série B do Campeonato Brasileira evidenciou quanto o clube está vivendo uma fase obscura em sua trajetória de 71 anos. A entidade está dividida em três esferas com visões alienadas da realidade e muito distantes uma da outra. Com o fracasso desta sexta-feira, no Serra Dourada, o time permanece na lanterna com 5 pontos conquistados, 11 derrotas e apenas uma vitória. A distância dos concorrentes aumenta ao mesmo tempo que a Série C se aproxima.

TORCIDA

O ponto mais passional do processo, o mais frágil e o mais impotente diante de toda a situação. A cada rodada, ela aguarda um motivo para empurrar e apoiar a equipe dentro de campo. No clássico desta sexta, mesmo com a derrota parcial por 2 a 0, no intervalo do jogo, os jogadores desceram para o vestiário com carinho e apoio dos vilanovenses. Vários jogadores destacaram o sentimento de vergonha por não corresponder a um ato tão grandioso.

Este ponto é frágil porque ele não tem voz ativa no clube. Não tem poder de voto, não tem sido convocado para auxiliar no dia a dia com manifestações de apoio, com pequenas ideias ou qualquer outra coisa. Tem o Sócio Tigrão, onde possuem vantagens e é o maior patrocinador do clube, porém, na visão atual, o torcedor é um mero comprador de ingresso e que tem a obrigação de apoiar sob qualquer circunstância.

DIRETORIA

Pelo modo como foi ovacionado o retorno deste grupo ao comando do Vila Nova e como são bem sucedidos em suas carreiras profissionais, eu tinha outras perspectivas quanto ao caminho que seria trilhado por eles. No entanto, a arrogância, a prepotência e falta de coragem de assumir o seu papel no organograma estão sendo fatais.

Como primeiro ato, criaram um isolamento deles com o conselho, com a imprensa, com a torcida…, talvez, a explicação esteja na frase dita por Carlos Alberto Barros e reforçada inúmeras vezes por Newton Ferreira: tem que ter dinheiro pra dar opinião. Sem um bom articulador (não aquele que vende cargos como na política, mas aquele que faz a ponte entre todos os setores existentes), o isolamento foi decisivo para o primeiro rebaixamento na temporada e consequente no segundo que está por vir.

Numa sequência de fatos, o grupo aos poucos foi ruindo diante deste cenário. Hoje, José Eduardo Vilela gere a parte financeira e administrativa do clube. Parte muito elogiada por todos. No entanto, pouco palpável ao torcedor. Sinceramente, estou convicto que sem esta parte não há construção de um caminho sólido. No entanto, ela sozinha não põe bola na rede e conquista os três pontos.

Ajudar sem arregaçar a manga, via satélite, sem se entregar ou trabalhar diariamente pelas cores vermelhas e branca, se sabiam que não teriam condições de assumir de verdade, pra quê aceitaram voltar?

CONSELHO

É o setor mais emblemático de todo este cenário. É o primeiro a querer resultado, mas o último a se prontificar a ajudar. A atual diretoria buscou a colaboração dos conselheiros para terminar a academia do clube, com quase 200 conselheiros, foi arrecadado 9 mil reais. 9 mil reais? Seria uma contribuição de 45 reais por conselheiro. Não eximo parte desta responsabilidade ao isolamento do grupo, porém é tão vergonhoso quanto o desempenho do time em campo.

Nesta semana foi feito um abaixo assinado para que na reunião da próxima quarta-feira seja incluído na pauta o pedido para que o clube demita o diretor de futebol Roni. Concordo que o trabalho é ruim, fraco e se fosse em tempos anteriores, qualquer profissional que estivesse seria escurraçado da sede do clube. Mas qual será a valia de tal ação? Há alguma denúncia ou é só a procura incansável de transferir a responsabilidade? Esclarecimentos sobre a atividade de empresário? Ele nunca escondeu de ninguém que era antes de assumir a diretoria. Quem o procurou não sabia? Será que alguém destes conselheiros procurou entender os motivos de chegar onde chegou? Sabem que a folha salarial do Vila não chega a 200 mil por mês? Deixo bem claro que não estou defendendo o Roni, até duvido que ele fizesse algum mal ao clube, só entendo que esta ação é meramente oportunista.

Mais curioso ainda é saber que os conselheiros que mobilizaram esta ação estão fortemente ligado ao presidente em exercício Rodrigo Nogueira. Vou reforçar a frase dita por Márcio Azevedo após a derrota desta sexta-feira, “…se não for para assumir e ser radical, nada mudará”. Quem quer que todos saiam, assuma e comece a pensar em 2015 porque 2014 acabou em agosto para o Vila Nova e realmente mude antes que o Vila Nova Futebol Clube e o vilanovense sejam só um personagem de um conto de fadas que sempre se começa com “era uma vez”.