Atualmente na 11ª posição da Série B, com 37 pontos, o Vila Nova foi derrotado pelo Londrina por 2 x 1 no sábado, no Serra Dourada. A equipe colorada perdeu a chance de se aproximar do G-4 da Série B. Mesmo assim, o Tigrão tem feito bons resultados (principalmente fora de casa) e um dos grandes destaques da campanha alvirrubra até aqui é o zagueiro Guilherme Teixeira.

O defensor concedeu entrevista especial ao repórter Juliano Moreira, da Rádio 730, e falou sobre diversos assuntos, como o começo da sua carreira, a importância da família e a gratidão ao treinador Guilherme Alves.

Especial Guilherme Teixeira

“Minha carreira foi difícil, eu persisti muito para chegar até aqui. Fiz minha base no Marília, passei por momentos difíceis na base, me dediquei bastante, cheguei a pegar pré-seleção sub-15 e tive a oportunidade subir para o profissional em 2009, com o (Jorge) Rauli (hoje auxiliar de Guilherme Alves no Vila), que era o treinador do Marília. Estou feliz pelo momento que estou vivendo hoje, espero conseguir muitas vitórias na minha vida ainda”

Base e dificuldades

“Na base, é sofrido, você tem que ficar longe da família, provavelmente você sai novo de casa e chega a passar fome, não tem o que comer. Mas você tem que superar isso, no outro dia já tem que estar treinando, ralando, porque você almeja coisas grandes na sua vida. Então minha base foi no sofrimento, quando surgiu a oportunidade de subir ao profissional, eu dava a vida para chegar onde eles estavam”

“Minha mãe me ajudou muito, muitas pessoas me apoiaram para eu chegar aqui, mas a maior força mesmo foi da minha mãe, para eu chegar longe. Eu saí de casa novo e todo mundo sabe que é difícil sair de casa para buscar o que você almeja na sua vida, que era ser jogador de futebol. Lembro que foi muito difícil, mas a minha mãe, em nenhum momento, falou para eu ficar, disse para eu ir atrás e buscar meu sonho. Hoje, ela me fala que eu mereço, pela persistência que eu tenho, e ela acreditou muito no meu potencial também”

“Muitas das vezes, tomava só o café da manhã. Chegava no almoço e não tinha para todo mundo, aí você dormia para ir para o treino da tarde. Você se virava, comia alguma coisa fora do clube, mas hoje eu paro e penso, são coisas do futebol. Muita gente pensa que vida de jogador é mil maravilhas, não vê o que a gente sofreu lá atrás, na base, mas isso daí milhares de jogadores passaram. Temos que superar, a pessoa tem que persistir, acreditar no potencial, que lá na frente vai colher”

“Em feriado não tinha como ir para casa, aí ia para a casa dos amigos do meu pai, que moravam lá. Até que minha família mudou toda para Marília e facilitou, fiquei mais próximo da minha família e isso só me deu mais força para conquistar meus objetivos”

Zagueiro-família

“Até arrepio de falar da minha família, família é tudo, tenho minha família como tudo para mim. Dentro e fora de campo, eu tenho o respeito que meus pais me deram e ver eles orgulhosos de mim é uma coisa que não tem preço. Minha mãe deixava de comer para me dar, isso não tem como esquecer, é muito forte para mim. Hoje, eu tento retribuir tudo o que ela e meu pai fizeram para mim. Dentro de campo, o time que eu defender, vou defender com todas as minhas forças, minha família me dá essa força”.

“Zagueiro tem muita responsabilidade e eu gosto disso. Quando o cara tem uma personalidade forte, gosta de desafios. Eu quis me tornar zagueiro, me firmei como zagueiro, hoje, bem mais maduro. Não é mais aquele chutão, tem que ter técnica, sair jogando. A cada dia, a cada jogo, você vai aperfeiçoando”.

Gratidão ao “pai” Guilherme Alves

“A vida tem cada coisa que você não imagina que vai passar. Há três anos, eu estava pensando em parar, para ajudar minha família. Porque eu não tinha condição de ajudar e no futebol eu ainda não tinha embalado. Aí o Guilherme me deu uma oportunidade, encontrei ele no estádio no Marília e ele falou ‘e aí, negrão, o que você quer da sua vida?’ e eu falei que pensava em desistir, ele falou que não, que acreditava em mim e que eu ia ganhar dinheiro. Eu abracei a ideia e hoje sou muito grato ao Guilherme, ele mudou meu jeito de pensar. Meu pensamento era desistir e ele me deu uma esperança. Estou com ele, podendo retribuir o que ele acreditou em mim. É um cara que eu tenho como pai, de ter mudado meu pensamento, de ser um homem de verdade, família, de buscar algo grande”.

Vivendo o sonho

“Eu não sei no que eu seguiria, mas estava pensando em parar e tinha que me virar. Eu tinha que ajudar em casa, de qualquer jeito. Você passa por clubes que não pagam, que deixam salario atrasar, isso deixa o cara para baixo também. Ou eu ia ajudar meu pai, que é pedreiro, ou eu ia me virar. Mas futebol é a coisa que eu amo, que eu gosto de fazer, então me dedico ao máximo e, graças a Deus, está dando tudo certo. Hoje, eu posso falar que estou realizando meu sonho e podendo ajudar a minha família”.

Interesse europeu

“Nunca tinha passado por isso ainda, de sondagem de clubes europeus. Mas isso é fruto do meu trabalho, eu converso muito com a minha esposa e ela fala que eu estou trabalhando demais, me dedicando demais. Ser sondado por time europeu é uma coisa boa, dá motivação para você trabalhar mais forte. Mas, claro, pensando no clube que você está. Hoje, eu estou totalmente focado no Vila, acho que é uma oportunidade grande que estou tendo em defender a camisa do Vila. Tenho certeza que vamos conquistar coisas grandes no campeonato, mantendo a humildade e a calma”.

Vila Nova

“O Vila é um time grande, estou tendo uma oportunidade de jogar uma Série B e mostrar meu futebol. Na Série B, a visibilidade é alta, estou fazendo meu trabalho, me destacando, mostrando meu futebol e tenho certeza que isso vai abrir muitas portas”.