O ex-secretário estadual e municipal de Meio Ambiente e especialista e Políticas Públicas Paulo Souza criticou o que chamou de desmonte das políticas públicas brasileiras voltadas para as questões ambientais.

Nós levamos 30 anos para construir o Conselho Nacional de Meio Ambiente, o Ministério do Meio Ambiente, o ICMBio, as secretarias estaduais e municipais, ou seja, a política brasileira. E o que o ocorre neste momento é uma sinalização dizendo que o meio ambiente não é importante, que pode queimar”, analisou.

Paulo Souza, que também é filósofo e já presidiu a Agência Ambiental de Goiás, foi um dos entrevistados da SagresTV neste Dia Mundial do Meio Ambiente. Ele avalia que a pandemia agrava um problema antigo no país, a despreocupação com as questões ambientais.

Vivemos uma tragédia dupla nesse momento. Nós estamos no meio de uma pandemia de uma força tremenda que nós não víamos há 100 anos. Ou seja, de um lado a pandemia e de outro uma sociedade do Fla-Flu, do eu contra ele, do eu contra você, e isso só aumenta a degradação”, conclui.

Um exemplo dessa degradação foram imagens de satélite divulgadas nesta semana pela Secretaria Estadual de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad) que mostram desmatamento em território Kalunga, uma comunidade quilombola localizada no nordeste goiano. Paulo Souza defende que haja também conscientização ambiental neste momento de isolamento social causado pela pandemia.

Que a gente consiga, com essa pandemia, elaborar uma nova narrativa de um biodesenvolvimento, porque senão vamos voltar para como estávamos, continuar desmatando? O que ocorre é que estamos muito mais dirigidos para uma economia primária, com base nos recursos naturais. Com base no garimpo, na soja. Isso é importante? É importante, mas todo o mundo caminha em outra direção, na direção da relação entre técnica e ética na conclusão social, com geração de emprego e renda, com valorização do trabalho e não precarização. Ou seja, eu penso que o principal aspecto é a gente continuar fomentando na sociedade experiências sustentáveis para um novo padrão de desenvolvimento”, afirma.

Confira a entrevista a seguir, a partir de 1:11:00