Foto: Agência Brasil

Preso há mais de 200 dias na penitenciária da Papuda, o contraventor Carlinhos Cachoeira, importou para dentro da prisão a experiência e liderança que usou para comandar um esquema que, de acordo com investigações, movimentou r$ 84 bilhões nos últimos dez anos e envolveu uma rede de parceiros. 

Apontado como chefe da máfia dos caça-níqueis pela Polícia Federal e pelo Ministério Público, Cachoeira tornou-se líder informal dos detentos do presídio: centraliza queixas contra a direção e os agentes, declama direitos humanos e faz as vezes de assistente social de presos e de seus familiares.

A ascensão do bicheiro na cadeia alertou o sistema de inteligência da Secretaria de Segurança do DF, que o colocou em isolamento.

As informações são do jornal o Estado de São Paulo que, nas últimas semanas, ouviu relatos de carcereiros e advogados que reconstituem o papel do contraventor dentro do presídio.

Agora, Cachoeira ocupa sozinho uma cela. Antes do preso famoso, o local era ocupado por um detento com problemas mentais, que acabou por deixar um rastro de sujeira e odor forte. Passa quase todo o tempo sem camisa, com o corpo 16 kg mais magro à mostra. A bermuda, levada pela família, quase não para, está frouxa.

Cachoeira não fica quieto: Caminha de um lado para o outro, conversa, planeja e garante: “na próxima segunda, saio daqui”.

De acordo com as investigações, fora da cadeia, Cachoeira sempre foi elétrico, mas agora tem tido dificuldades para dormir e conta com a ajuda de medicamentos.

Na Papuda, o empresário ainda resiste a algumas “regras”, como abaixar a cabeça para agentes e autoridades.

Tido como arrogante por uns e boa praça por outros, Cachoeira responde a processos internos por desacato e não é estranho responder às ordens dos agentes ou mesmo instigar outros presos a questionarem os comandos.