A cidade está cheia de eventos políticos e o fato nem sempre é divulgado. São:

filiações como a do vice-governador José Éliton,

articulações como as internas do PMDB,

aquisições de Júnior Friboi,

reuniões do PT,

Governo Itinerante de Marconi,

colheita de assinaturas da Rede Sustentabilidade,

andanças de Caiado e Vanderlan,

enfim, a democracia se movimenta por Goiânia.

Com tanto político andando pelas ruas da Capital, soa estranho eles ficarem roucos ouvindo os lamentos das famílias de vítimas e não movem um músculo para resolver. São 9 mil assassinatos cujos réus ainda não foram julgados. São 3 mil homicídios ainda sem réus só nos últimos anos. Os números chocam, mas atrás de cada algarismo existe um ser humano, seus parentes, seus amigos, sua história amputada, seus amores extintos, seus sonhos desfeitos. A estatística não demonstra o tamanho da dor, por isso os políticos gostam tanto de dados e tão pouco de gente.

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A média é cada pessoa ter parentes em oito casas, de irmãos, tios, avós, sobrinhos, primos. Oito casas em luto para cada corpo estendido no chão. Oito casas nas quais aquele corpo tem nome. Oito casas em que aquele corpo tem história. Oito casas banhadas pelas lágrimas por causa daquele corpo. Portanto, são 96 mil casas chorando seus mortos, sofrendo com a ausência, humilhadas pela impunidade. São 96 mil casas esquecidas pelos políticos, pois eles articulam entre seus iguais, se reúnem, discutem, mas não se comovem com os 12 mil homicídios, o sofrimento em quase 100 mil residências. Se fossem uma cidade, formariam a terceira maior de Goiás. A Vitimolândia seria menor apenas que Goiânia e Aparecida, aliás, as duas campeãs em violência.

Um bom tema para essas conversas entre os políticos é como conter a carnificina e acabar com a impunidade. A Polícia Civil, com o atual modelo de direção, só potencializa as lágrimas. Os políticos, de governo e oposição, não gastam sequer uma sílaba, uma gotícula de saliva, um segundo para tranquilizar os 96 mil lares inundados pela dor.