Um estudo inovador traz um novo método eficaz no tratamento da herpes labial simples. A técnica desenvolvida pelo professor Marcos Vinicius Moreira de Castro, foi aprofundada pela dentista Isabella de Oliveira Toccafondo Santos, de Anápolis (GO), na sua pós-graduação em Periodontologia, no Instituto de Ciências da Saúde da Faculdades Unidas do Norte de Minas (Funorte).

Moreira é professor da Funorte e observou a eficácia de azul de metileno e laser vermelho de baixa intensidade no tratamento da herpes labial simples. Isabella aprofundou na combinação e percebeu que ela acelera a cicatrização da lesão e contribui para diminuir a transmissão do vírus.

“O método consiste em encurtar o tempo da herpes, que é de cinco a dez dias, porque a gente fica nesse período transmitindo o vírus para outras pessoas. E quando a gente encurtar esse tempo, não vou falar nem dos benefícios para a pessoa em si como indivíduo, mas pela proliferação da doença também, a gente diminui a proliferação da doença para outras pessoas”, explicou.

Herpes labial

A herpes labial é causada pelo vírus do herpes simples (HSV) e a doutora Isabella Toccafondo explica que há vários tipos da doença, mas sua pesquisa é sobre a herpes labial, que é a herpes simples do tipo 1. “A herpes labial do tipo 1 consiste em basicamente quatro estágios, com sintomas que podem acontecer uma só vez na vida”, diz.

Toccafondo esclarece que o primeiro estágio da doença são os sinais prodrômicos, que é quando o corpo avisa que vai vir a herpes. Os sinais prodrômicos são indicadores fisiológicos de sintomas de doenças. “O local onde pode aparecer a herpes fica avermelhado, coça, dá uma formigadinha e esse já é um sinal que o corpo está dando de que pode surgir ali a lesão”, conta. 

A transmissão da doença ocorre a partir do segundo estágio, que a dentista nomeia como estágio de vesícula. “As vesículas são como se fosse um monte de bolhinhas bem pequenininhas num local, normalmente a herpes aparece desse jeito. Dentro dessas bolhinhas a gente tem um líquido e esse líquido está completamente contaminado de vírus, e é esse vírus que realmente vai contaminar outras pessoas. Então, nesse estágio ela é totalmente transmissível”, destaca.

Tratamento inovador

Foto: Site/Medicoresponde

O terceiro estágio é de úlcera aberta, um estágio que causa mais dores e desconforto aos pacientes. O último estágio, então, é de crosta, que é quando a lesão está cicatrizando. “Nesse estágio ela não é mais transmissível, então é importante a gente frisar isso”, explica Isabella.

“A transmissão acontece através do beijo, do copo que a gente compartilha com outras pessoas, cosméticos em que as amigas emprestam o batom uma pra outra, então a gente acaba contaminando outras pessoas”, identificou. O tratamento inovador proposto por Isabella visa diminuir o desconforto do paciente e o tempo de transmissão da doença.  

“O azul de metileno e o laser vermelho atuam como se fosse um corante para evidenciar o vírus e alguns estudos falam que eles paralisam o vírus”, aponta. A combinação se mostrou eficaz na cicatrização rápida das lesões de herpes labial e, assim, um novo método inovador para a medicina.

“Não é um tratamento preventivo, é um tratamento para quando a úlcera já está ali presente, quando a vesícula já está ativa, então a gente consegue diminuir esse tempo da vesícula com a lesão instalada”, acrescentou a dentista.

Implementação do novo tratamento

Isabella Toccafondo apresentou a sua pesquisa no Congresso Internacional de Odontologia de São Paulo (CIOSP) e quer disseminar a nova técnica de tratamento na sociedade para promover a saúde pública e conscientização sobre herpes labial. 

A maioria das pessoas não sabem que têm herpes, porque o contato com o vírus geralmente ocorre na infância e os sintomas manifestam-se na vida adulta. “A herpes labial não tem cura”, diz a especialista. O vírus fica incubado no organismo e se manifesta em momentos de  estresse e imunidade baixa. As lesões causam dores e desconforto para conversar e escovar os dentes. “É porque a pele é muito sensível”, destaca.

A dentista Isabella Toccafondo em entrevista à Sagres (Foto: Sagres Online)

Isabella Toccafondo destaca dados que estimam que 90% da população mundial já tenha tido contato com o herpes tipo 1 ou 2. Mas alerta que não é todo mundo que irá manifestar a doença de maneira clínica. Mesmo assim, a dentista pretende que a nova técnica seja implementada o quanto antes para atender os pacientes que já vivem com a doença manifestada.

“Não tem previsão, mas espero que o quanto antes a gente consiga implementar. O quanto antes a gente conseguir implementar isso na saúde pública melhor”, finaliza.

*Este conteúdo está alinhado aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), da Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas (ONU). Nesta matéria, o ODS 03 – Saúde e Bem-Estar.

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