Depois de 20 anos jogando profissionalmente, o ex-meia Danilo já começa a traçar planos para o futuro. Há mais de um ano de sua saída do Vila Nova, seu último clube, o multicampeão tem projetos para continuar dentro de campo, mesmo que a partir de agora comandando um time do banco de reservas.
O ex-atleta falou com exclusividade com o comentarista Charlie Pereira naDanilo Sagres 730 e revelou o desejo de ser técnico. Segundo ele, a intenção é fazer os cursos da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) no final do ano para iniciar a carreira já em 2021.
“Meu próximo objetivo vai ser esse (treinador), ante eu não queria não. No Corinthians eu tive um convite para ser diretor, mas não é para mim. Eu me vejo mais dentro de campo como treinador, auxiliar, que foi onde eu vivi durante 20 anos. É tão difícil a gente conquistar um nome dentro do futebol, então eu acho que chegou o momento de eu voltar ao futebol nesta área, dentro de campo”, destacou Danilo que disse querer trabalhar com o futebol profissional.
Ao passo que se prepara para ter uma nova função dentro do futebol, Danilo também revive o início de sua carreira ao ver os três filhos trilhando o mesmo caminho nas quatro linhas. O mais velho é Matheus, tem 18 anos e após duas temporadas nas categorias de base do Corinthians, se apresentou ao Goiânia nesta semana para fazer testes no time comandado pelo técnico Finazzi.
“Ele é um segundo volante, joga na meia também, mas eu vejo mais como um ‘homem surpresa’, condução de bola e passe. Ele vem muito bem, numa crescente boa e Deus quiser vai dar tudo certo”, comemorou o pai coruja.
Danilo e o filho Matheus (Foto: Arquivo Pessoal)
Além de Matheus, os mais novos Lucas e Davi também trabalham para, quem sabe, seguir os passos de Danilo. Os dois treinam na escolinha de futebol do pai, a Danilo 10, localizada em Aparecida de Goiânia. “Vamos ver o que dá, quem sabe um deles possa virar jogador. Vou incentivar até o final porque para mim será um privilégio”, disse.
Como tem o desejo de ser treinador, Danilo já vai treinando a função dentro de casa. Não só como pai, mas também como ex-jogador, os conselhos são frequentes e os treinamentos juntos também.
“Com certeza (dá conselhos). Acho que o tempo que joguei futebol, querendo ou não, ajuda um pouco. Lógico que ele tem as características dele, a gente procura apenas lapidar, mas procuramos dar aquele palpite que vai ser bom para ele, no que tem que melhorar. Não só o Matheus, mas o Lucas e o Davi também. E agora os treinamentos, quando estou aqui pego eles e levo para treinar”, explicou.
Danilo jogou nos rivais Goiás e Vila Nova
Goiás Esporte Clube
Natural de São Gotardo, em Minas Gerais, Danilo foi observado por profissionais do Goiás durante um torneio juvenil realiza em sua terra natal. Chegou ao time esmeraldino para integrar as categorias de base e em 1999 receber suas primeiras oportunidades no time profissional sob o comando do técnico Hélio dos Anjos.
Naquela temporada, além do título do Campeonato Goiano, Danilo também levou o caneco do Brasileirão da Série B com o Goiás. Defendo a camisa esmeraldina, o ex-jogador também conquistou mais três edições do estadual e três títulos da Copa Centro-Oeste.
Um dos ídolos da história do clube, permaneceu na Serrinha até 2003 e no ano seguinte acabou se transferindo para o São Paulo. A saída de Danilo para a capital paulista não foi tranquila já que o atleta esperava ser mais valorizado em uma renovação com o Goiás. Em uma das suas últimas partidas pelo alviverde, deu uma declaração dizendo que “o clube trazia medalhões, jogadores rodados com salário alto, mas quem estava resolvendo eram os atletas da base”.
“Eu não disse nenhuma mentira. Infelizmente no Brasil isso acontece muito, ninguém aposta no jogador da base e acaba contratando jogador de for. Nós da casa, por exemplo, temos um contrato de três anos com um salário baixo e esse atleta de fora vem com um contrato de um ano e ganhando três vezes mais que você. Durante o ano você vai jogando e quem eles contrataram ficam no banco. Aí vai renovar o vínculo, eles não valorizam. Não só no Goiás, mas acho que em todos os lugares que passei. Tem que dar valor no prata da casa. Acho que foi um dos últimos jogos meus pelo Goiás e eu falei a verdade, falei o que vários jogadores querem falar e não falam”, destacou Danilo.
Na visão do ex-jogador a saída foi resultado de uma atitude equivocada da diretoria esmeraldina em não renovar o vínculo antes das férias. Na época o Goiás era comandado por Raimundo Queiroz, presidente do clube.
“Acho que quem errou foi a diretoria. Meu contrato se encerrava no dia 31 de dezembro e ele me liberaram para as férias sem renovar. Nós tivemos duas ou três conversas, mas não chegamos a um acordo e eles me liberaram dizendo ‘quando você chegar das férias a gente senta e acerta’. Então eu estava livre no mercado, poderia assinar contrato com qualquer clube, aí o São Paulo entrou no negócio. Foi em dezembro mesmo, assinei meu pré-contrato e, ao invés de vir para o Goiás, acabei me apresentando lá. Mas com certeza foi culpa dos diretores do Goiás que me liberaram para as férias sem renovar o contrato e a mesma coisa aconteceu com o Marabá”, relembrou.
Vila Nova Futebol Clube
O fato de ser um dos principais nomes do rival Goiás, não impediu o Vila Nova de investir para trazer Danilo em um projeto considerado ousado em busca do acesso para a Série A. O camisa 20 foi anunciado pela equipe colorada em dezembro de 2018 como um “presente de Natal” para a torcida vilanovese.
Mesmo aos 40 anos, Danilo era visto como a principal contração do clube para a temporada. Entretanto a passagem durou pouco: cinco meses, 15 partidas e três gols marcados. Em entrevista à Sagres, Danilo afirmou que as mudanças que aconteceram neste período acabaram encurtando o tempo no Onésio Brasileiro Alvarenga.
“Futebol é assim, a gente vem com um pensamento e no decorrer as coisas acabam não acontecendo. Eu acredito que no período em que estive no Vila, se mantém o treinador desde o início e se leva todos os jogos para o Serra Dourada, com certeza as coisas iriam andar. Porque não tinha condições de jogar no OBA. Nós jogamos cinco ou seis jogos ali, vai jogar contra time pequeno, onde o campo não ajudava e todo mundo estava sabendo”, analisou.
O técnico citado por Danilo era Umberto Louzer, que pediu demissão do Tigre após o desempenho da equipe ser criticado mesmo após as vitórias. Até Ecival Martins, presidente do clube na época, concedeu entrevista destacando este aspecto. Louzer deixou o Vila com 62% de aproveitamento, quatro vitórias, três empates e uma derrota. Na visão do ex-atleta, faltou organização fora das quatro linhas.
“O grupo estava muito bom, a pré-temporada foi muito boa e o treinador com um trabalho excelente. Eu vim de um grande clube, com excelentes profissionais e eu cheguei a falar para eles “pré-temporada perfeita”. O elenco estava fechado com o treinador, aí começa o campeonato, perde dois ou três jogos, mas o futebol é assim. Então, no período em que estive no Vila o erro principal foi esse de já querer trocar o treinador com quatro jogos, e jogador chegando todo dia, mandando atleta ir embora. Acho que no futebol a principal coisa que tem que ter é organização, se não tiver organização fora, com certeza dentro de campo as coisas não vão andar”, afirmou.
Confira na íntegra a entrevista de Danilo à Sagres 730. O ex-jogador também relembrou as passagens por São Paulo e Corinthians: