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A visitante Francesa

Pense e algum cineasta sul-coreano. Não veio nada à mente? Não se preocupe, isto é normal. Ainda pouco fomentado pelo governo federal da Coréia do Sul, o cinema, aos poucos, começa a se despontar em festivais internacionais. O diretor mais reconhecido de lá é Hong Sang-soo, que tem uma vasta carreira em festivais mundo afora, mas raramente algum de seus filmes chega ao circuito comercial brasileiro.

O primeiro deles, Hahaha, estreou apenas em dezembro de 2012, com dois anos de atraso. Já o premiado A Visitante Francesa teve melhor sorte: lançado no Festival de Cannes 2012, e já está circulando por diversos países, inclusive no Brasil. Ele chegou à Goiânia no final de semana, no Cine Cultura, e já é um sucesso de crítica e público.

Dividido em três episódios independentes um do outro, o filme tem uma estrutura bastante simples. Cada um dois episódios conta com o mesmo elenco e os mesmos personagens, só que em situações ligeiramente diferentes. Cabe a reconhecida atriz Isabelle Huppert interpretar a personagem-título, Anne, uma mulher que chega à Coréia do Sul para encontrar um conhecido.

Em meio aos contrastes diante da cultura e dos costumes locais, não só dela em relação ao país, mas também dos habitantes em relação a ela, acaba conhecendo um salva-vidas, interpretado por Yu Junsang. É ele que consegue dar alguma graça ao filme.

Mas atuação de Isabelle Huppert é certeira. Atriz que freqüentemente domina as produções onde aparece, é revista pelos enquadramentos fixos e pela encenação dura de Hong, cuja beleza da cena quase sempre se resume ao elenco entrando pelas beiradas e andando até sua marcação no centro do quadro.

São três histórias distintas. Na primeira situação, Anne é uma diretora de cinema; na segunda, ela é uma mulher casada que vai encontrar o amante na praia; e na terceira é uma mulher divorciada, cujo ex-marido a trocou por uma coreana. Trata-se de um filme episódico, onde o diretor trabalha com enredos que são independentes e que, querendo ou não, se associam.

A Visitante Francesa acaba por revelar diversas facetas do choque de cultura de diferentes países. Diante tanto desencontro de idioma, de expectativa, de comportamento, desencontros que só aumentam, as mulheres francesas são iguais nas suas diferenças.

Cada mulher ama de maneira própria, e é essa imprevisibilidade que as torna tão atraentes, tão aberta ao contato, enquanto aos homens resta a trágica condição de repetir-se, em si e nos outros, com suas desesperadas tentativas de aproximação. A Visitante Francesa é, portanto, uma obra prima do cinema da Coréia do Sul.