Pelo visto, as salas de cinema de Goiânia ainda devem aumentar e muito o seu circuito cinematográfico. Prova disso é a estreia do novo filme do diretor norte-americano Danny Boyle, Em Transe, que chegou no Rio de Janeiro, São Paulo e Vitória, mas não veio à Goiânia. Uma surpresa para os fãs, já que outros filmes do cineasta foram lançados em circuito comercial e chegaram a Goiás. São as produções 127 Horas, de 2010, Quem Quer Ser um Milionário? de 2008 e A Praia, de 2000.
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Talvez o filme chegue futuramente em mostras de cinemas alternativos. O fato é que muito dos cinemas que se recusaram a exibir o filme alegaram que fosse um longa-metragem um tanto polêmico. Para os críticos, Danny Boyle voltou a sua melhor forma, que resgata o seu cinema introspectivo e de quebra-cabeças, como nas obras Trainspotting e Cova Rasa.
Danny Boyle é um primoroso cineasta. Um dos melhores da atual geração e sempre busca novas histórias para contar. O mais interessante é pegar sua filmografia e notar o quanto seus filmes são diferentes um do outro. E isto é muito bom. Mas o que há de tão polêmico em um filme?
Na produção Em Transe, um funcionário de uma casa de leilões, interpretado por James McAvoy, tem sérios problemas de dinheiro e arruma uma quadrilha para roubar pinturas. Durante o golpe, ele leva uma pancada na cabeça e acorda com amnésia. Como só ele sabe onde está o quadro e o líder dos mafiosos suspeita que ele está fazendo jogo duplo, os bandidos contratam uma hipnotizadora para procurar essas informações em sua mente.
Até aí, a trama de Em Transe segue, mais ou menos, numa linha reta, apesar do excesso de informação proposital. Porém,quando a hipnotizadora começa a terapia, novos elementos surgem, mas, combinados com as piruetas de câmera e montagem comuns nos filmes de Boyle, se tornam, às vezes, confusos e excessivos. À medida que os personagens perdem a razão numa espiral de loucura, ficam prejudicadas a coesão e a coerência da narrativa.
Em Transe é baseado no roteiro que Joe Ahearme enviou para Danny Boyle no meio dos anos 90. Na época, o diretor achou o projeto arriscado demais e ele acabou sendo transformado em um filme para a televisão em 2001. Passados quase vinte anos, o cineasta chamou o roteirista para uma nova conversa e uma versão atualizada foi criada.
Danny Boyle usou de importantes referências para este filme, como o uso da psicanálise e do drama psicodélico. Se um filme pode ser chamado de suspense psicológico, este filme é o Em Transe. Para os goianos de plantão, resta apenas esperar e torcer para que a produção chegue, de uma forma ou de outra, nas telonas dos cinemas goianos. É esperar para ver. (Texto: Clenon Ferreira)