Esta quinta-feira (4/3) amanheceu com uma taxa de ocupação de leitos de UTI em Goiás em 97%. Ontem, o estado voltou a bater recorde nos índices da Covid-19, registrando o maior número de mortes em um único dia: 169. Na tentativa de desacelerar a contaminação, está valendo desde o início dessa semana, em Goiânia e em várias cidades do estado, uma série de restrições ao comércio. Em entrevista à Rádio Sagres 730, o presidente da Federação das Indústrias do Estado de Goiás (FIEG), Sandro Mabel, afirmou que as medidas estão “matando as empresas” e por isso tem proposto alternativas para minimizar os impactos do setor.

Sandro ressaltou que “não é abrir a qualquer custo e de qualquer jeito”. “Estamos preocupados com a saúde dos nossos funcionários, das nossas famílias. Conversamos diariamente com os prefeitos das maiores cidades de Goiás, buscando e propondo soluções e outras alternativas. Estamos sofrendo grande pressão do setor, mas mesmo assim somos conscientes”, afirmou.

Confira a entrevista na íntegra:

No início da semana, o presidente da Fieg e o presidente da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de Goiás (Fecomércio-GO), Marcelo Baiocchi, apresentaram aos prefeitos de Goiânia, Rogério Cruz, e de Aparecida de Goiânia, Gustavo Mendanha, uma série de propostas de flexibilização das atividades econômicas da região metropolitana. Essas propostas seriam adotadas já na próxima semana, no fim do prazo do decreto vigente. A análise do cenário até lá é feito pelas administrações municipais.

Entre as propostas levadas aos chefes do executivo estão o toque de recolher aos finais de semana, entre as 22h de sábado e às 5h de segunda-feira para todo o segmento do comércio e o funcionamento de shoppings centers das 12h às 20h entre segunda-feira e sábado, com reabertura às segundas-feiras ao meio dia, inclusive as praças de alimentação.

Para Sandro Mabel, se as medidas não puderem ser atendidas diante de um cenário ainda pior, o setor vai continuar colaborando com a prefeitura. “As empresas estão morrendo, mas se tiver que manter tudo fechado, que se mantenha. Esse foi um decreto que foi conversado e por isso aderimos. Existe um apoio da indústria, mas temos que pensar que a nossa função é propor formas de manter o comércio funcionando sem prejudicar a saúde”.

O presidente acredita que só a vacina será capaz de frear a contaminação e chegou a criticar a demora do estado e união na compra dos imunizantes, sugerindo que fosse permitido a venda para instituições e clínicas particulares. A prioridade de compra é da União para o Programa Nacional de Imunidade. O Supremo Tribunal Federal autorizou na semana passada prefeituras e Estado a comprarem em caso de a União não tomar providências. Então, por enquanto, a iniciativa privada não pode comprar vacinas.

ÍNDICE DE ISOLAMENTO

O índice de isolamento social em Goiás teve na segunda-feira (1º/3), quando o decreto passou a valer, foi um dos piores do ano: 32,6%, segundo a Secretaria de Saúde de Goiás. O índice é maior inclusive do que a segunda-feira anterior ao decreto, dia 22 de fevereiro, quando a taxa era de 29%. Para Sandro, a abertura das escolas também afeta o dado ao fazer com que as pessoas saiam às ruas para levarem os filhos às escolas. “Esse transporte de crianças até as unidades, mesmo que só 30% da capacidade, movimenta a cidade. Mas, além disso, falta conscientização. As pessoas ainda não perceberam a proporção do problema”, destacou.