Os dirigentes têm em seu discurso as palavras “profissionalismo” e “clube-empresa” para rotular qualquer meta de trabalho a frente de um clube de futebol no Brasil. No entanto, tais termos passam longe de uma entidade que sequer visa lucro como prevê todos (ou quase todos) os estatutos dos clubes esportivos tupiniquins.

Assim como todos os cidadãos em nosso país, os clubes também são obrigados a prestar contas a Receita Federal ao final de cada ano. Na semana passada, Goiás, Vila Nova e Atlético apresentaram suas movimentações financeiras. Mais uma vez acompanhamos cifras assustadoras de nossos representantes e como a responsabilidade fiscal passa longe de pertencer a nossos dirigentes.

Na Série A, o Goiás fechou o ano de 2013 com uma receita total na casa dos 51 milhões de reais, onde mais da metade é oriunda de cotas de televisão e um resultado de 7,5 milhões  de prejuízo. O déficit acumulado gira em torno dos 40 milhões, porém, constam vários campos que estão sendo contestados na justiça e os valores não foram apresentados no balanço. Há quem diga que a dívida esmeraldina se aproxime da casa dos 100 milhões.

Na Série B, o Atlético chegou a incrível marca de 6 milhões de déficit no ano passado e a dívida acumulada do clube se aproximando da casa dos 20 milhões de reais. Se os dirigentes se orgulhavam de ter um clube sanado, sem dívidas, não será assim que Valdivino José de Oliveira irá entregar o cargo de presidente no fim deste ano. O presidente sempre superfaturou suas perspectivas de orçamento, no ano passado, mal chegou aos 10 milhões no ano.

Até 2012, último ano na elite do futebol brasileiro, o Dragão tinha apenas uma ação na justiça (do técnico Artur Neto). Hoje são mais de 40 e a tendência que aumente com a falta de pagamento dos jogadores, tampouco sem acordos nas audiências. Como ação imediata, informação revelada por Adson Batista à Rádio 730, a folha salarial foi reduzida para 500 mil/mês para evitar um rombo ainda maior.

Já o Vila Nova foi o clube com o cenário menos pior entre os clubes da capital. Com uma receita anual de 4,9 milhões de reais, sendo sustentada pelas bilheterias, os colorados encerraram o ano com o prejuízo de 100 mil reais. Curiosamente, consta no documento oficial que 246 mil reais foram receitas vindas de conselheiros. Onde está a bala na agulha bradada por Newton Ferreira durante o período eleitoral? Cadê todo aquele dinheiro que o ex/atual dirigente citava em suas entrevistas? O superávit do ano passado ainda não foi explicado.

Nem a Federação Goiana escapou do prejuízo. Em 2013, a entidade teve uma queda em seu faturamento que não chegou a 4 milhões no ano e ficou no vermelho em 507 mil reais. Resultado bem melhor que em 2012, onde a entidade ficou devendo mais de 2 milhões de reais. Renda e patrocínios são as principais fontes de receita da FGF.

Embora acredite que este números não são retratos da realidade financeira de nosso futebol, mas são elementos que nos chamam atenção para a falta de responsabilidade fiscal e administrativa de nossos dirigentes. Não acredito na fidelidade dos números, porém são dados oficiais. Se na administração tem a máxima que “empresa que não dá lucro, fecha” – nosso futebol é uma massa falida aguardando alguém que reoxigene, que o revigore…

Se você quiser analisar os demonstrativos do seu clube basta acessar o site dele ou por meio da FGF, no site oficial, na galeria documentos.

Futebol de Goyaz e suas histórias – Todo domingo, a partir do meio dia, na Rádio 730, uma nova história de nossa maior paixão…