Goiás acumula 341 mil casos de Covid-19. Em 24 horas, foram quase 2 mil registros novos da doença (1.969) e segundo a superintendente de Vigilância em Saúde da Secretaria Estadual de Saúde, Fluvia Amorim, Goiás está subindo a curva da segunda onda. Flúvia ainda destacou a sugestão de Lei Seca no Estado para frear a contaminação e a alta da taxa de transmissão.

“Estamos no momento de subida da montanha. Não sei precisar se estamos mais perto da base ou mais perto do topo. O que temos visto em outros estados é que a segunda onda foi pior. E a gente teme que isso aconteça aqui. Se não for, ótimo. Mas se for pior, temos que estar minimamente preparados”, pontuou Flúvia.

O secretário de Saúde, Ismael Alexandrino havia dito durante reunião nesta segunda (25) com prefeitos e o governador de Goiás, Ronaldo Caiado, que os próximos 30 dias serão desafiadores. A superintendente reforçou essa preocupação. “Podem ser dias muito difíceis com base no que a gente viveu na primeira onda. (…) Na rede pública, a quantidade dos leitos de UTI se manteve. Alguns foram remanejados e tiveram incremento com o Hospital das Clínicas. A rede privada tivemos a informação que teve uma redução e isso pode ser que agrave a situação”.

Ouça a entrevista completa:

LEI SECA

A Secretaria Geral da Governadoria ainda não divulgou o resultado final da enquete iniciada ontem pelo governador de Goiás, Ronaldo Caiado, sobre Lei Seca para frear o avanço da Covid-19. Os prefeitos precisam responder se são favoráveis a uma medida de restrição para a venda de bebidas alcoólicas após às 22h. Até ontem, 51 prefeitos haviam respondido a enquete. 98% deles votaram pela adoção da medida.

Segundo Flúvia, que fez a proposta inicial de proibição de vendas de bebidas alcoólicas em bares e restaurantes a partir das 20h, esse segmento apresenta maior risco de disseminação da doença. Inclusive, a superintendente mostrou um estudo na reunião de ontem que apontou que a atividade está na faixa vermelha de contaminação.

“Quando você vai para o restaurante, você tira a mascara, o que aumenta a possibilidade de disseminação se houver alguém contaminado. Em ambiente fechado, é ainda maior esse risco. Por mais que as mesas estejam distanciadas, o risco é menor, mas existe. Temos uma alta taxa de transmissão hoje, com alguns municípios com a taxa R acima de dois. Acima de um significa aceleração. Então, a cada 100 casos, 200 novos casos são gerados. Essa é uma situação de risco. E precisamos diminuir o número de pessoas nesses lugares. A gente sabe que depois que a pessoa bebe, ela acaba esquecendo essas medidas de controle”, explicou Flúvia.

A superintendente ressaltou que a intenção dessa medida restritiva não é de fechar os bares e restaurantes, mas minimizar os riscos. “A gente tem protocolos. Se todos seguissem os protocolos, não havia essa necessidade de medidas mais rígidas e até de fechamento, como está ocorrendo em alguns estados brasileiros. E quando eu falo em seguir o protocolo, eu falo do cliente e do dono estabelecimento cobrar que seja seguido. Temos que tomar medidas para não chegarmos a uma situação como Manaus está vivendo”, ressaltou.

Uma liminar do Superior Tribunal Federal (STF) dá autonomia dos municípios para tomarem decisões relacionadas a medidas restritivas. As prefeituras podem se recusar a seguir a Lei Seca. “A gente quis mostrar a realidade da situação e que é necessário adotar medidas restritivas. Temos visto eventos com grandes aglomerações e pessoas sem cuidados. Precisamos tomar previdência para que não chegarmos a 100% de leitos de UTI ocupados. Isso cabe ao estado e principalmente aos municípios decidirem”.

TAXA DE TRANSMISSÃO EM ALTA

Flúvia reforçou a alta da taxa de transmissão em alguns municípios, entre eles Goiânia, Aparecida de Goiânia, Anápolis, Rio Verde, Águas Lindas, Luziânia, Valparaíso, Trindade, Formosa e Novo Gama. Jataí é a cidade com a maior taxa, chegando em R2. Um grupo de pesquisadores da Universidade Federal de Goiás (UFG) são responsáveis por esse levantamento.

“A doença é muito dinâmica, não tem uma situação única. Ela muda com o passar do tempo. A gente sabe que ela é transmitida de pessoa pra pessoa. O vírus a gente já sabe tem as suas mutações, cepas novas. Existe a possibilidade de reinfecção. Jataí está com maior valor de R. Então, alguma previdência, além dessas que apresentamos ontem, precisa ser tomada. Catalão já esta fazendo algo parecido. Essa transmissão aumentada precisa ser minimizada. E hoje o que temos de ferramenta pra impedir isso são medidas de isolamento de restrição de aglomeração. É o que temos disponível até que a vacine chegue”.

VARIANTES

Flúvia também abordou as novas variantes da Covid-19. Estima-se que pelo menos 10 novas cepas circulem no Brasil. Nenhuma ainda foi identificada em Goiás. ‘Esse sequenciamento genético é um grande gargalo. O Brasil é o país que menos sequencia. Aqui a gente tem algumas amostras encaminhadas para o laboratório, mais ainda não tivemos respostas. A gente já cobrou pela agilidade desses resultados. O Lacen está se preparando, mas aqui em Goiás ainda não temos laboratório para fazer essas análises”, afirmou.