“Baby Blues”: a tristeza silenciosa que afeta até 80% das mães após o parto

Em meio à celebração do nascimento de um bebê, muitas mulheres enfrentam uma tempestade emocional silenciosa e pouco compreendida: o Baby Blues. A condição, que atinge entre 78% e 80% das mães no pós-parto, foi o tema central de uma edição especial do programa Tom Maior, com a participação da psiquiatra Lisa Pena, que trouxe esclarecimentos e alertas sobre a saúde mental materna.

“O Baby Blues é uma tristeza materna fisiológica que acontece após o parto, e não é sinal de fraqueza ou falha da mãe”, explicou Lisa. “É resultado direto da queda brusca nos hormônios gestacionais com a saída da placenta, além de todas as mudanças psicológicas e sociais que a mulher vivencia naquele momento.”

A campanha Maio Furtacor, da qual Lisa participa, busca justamente trazer luz a esse tema tão sensível. “É um mês dedicado à saúde mental materna. Estamos há cinco anos levantando essa bandeira porque entendemos que falar disso é urgente”, afirmou ela, vestindo o uniforme da campanha com os dizeres ‘Saúde mental materna importa’.

Embora o termo “Baby Blues” só tenha sido cunhado em 1992 por uma psicóloga europeia, a condição sempre existiu — apenas não era nomeada. “Por muito tempo, as mães sentiram medo, solidão e vazio no pós-parto, mas não conseguiam falar sobre isso. A sociedade esperava que a mulher se tornasse automaticamente uma mãe perfeita após o nascimento, o que aumentava o peso da culpa e do silêncio”, criticou a especialista.

Lisa também destacou o contraste entre o tratamento da mulher na gestação e após o parto. “Durante a gravidez, há um certo encantamento, um olhar cuidadoso. Quando o bebê nasce, toda a atenção se volta para ele, e a mãe fica invisível, em segundo plano. Muitas ouvem: ‘Agora você não interessa mais, viemos ver o bebê’.”

Prevenção é a melhor forma de cuidado

A psicóloga defende o acompanhamento psicológico como parte essencial do pré-natal. “A melhor forma de tratamento é não adoecer. Hoje já existe o pré-natal psicológico, oferecido em alguns locais até na rede pública, que ajuda a preparar emocionalmente a gestante e desromantizar a maternidade.”

Esse cuidado também auxilia a diferenciar o Baby Blues da depressão pós-parto, que exige uma abordagem mais intensiva. “Enquanto o Baby Blues é passageiro e tende a desaparecer em até 20 dias, a depressão pós-parto pode surgir após a quarta semana e se prolongar por meses, com sintomas mais graves como tristeza constante, distúrbios de sono e até rejeição ao bebê”, alertou Lisa.

Rede de apoio é fundamental

Para lidar com o Baby Blues, o apoio emocional da família e de profissionais é indispensável. “É essencial que essa mulher seja ouvida com empatia. Às vezes, ela chora e nem sabe o porquê. Se alguém puder dizer: ‘Está tudo bem, eu seguro o bebê enquanto você respira um pouco’, isso já muda tudo”, ressaltou Lisa.

No caso da depressão pós-parto, a intervenção profissional é mandatória. “A psicoterapia é sempre bem-vinda e, quando necessário, há medicamentos seguros mesmo para mães que estão amamentando. O importante é que essa mulher saiba que não está sozinha e que há saída.”

*Este conteúdo está alinhado aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), da Agenda 2030, da Organização das Nações Unidas (ONU). ODS 03 – Saúde e Bem-Estar

Leia mais:

Mais Lidas:

Sagres Online
Privacy Overview

This website uses cookies so that we can provide you with the best user experience possible. Cookie information is stored in your browser and performs functions such as recognising you when you return to our website and helping our team to understand which sections of the website you find most interesting and useful.