FÁBIO PUPO BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – O governo anunciou nesta segunda-feira (23) que decidiu trocar o presidente da Petrobras, pouco mais de um mês após a posse do executivo José Mauro Coelho.

Para o lugar dele, foi convidado Caio Mário Paes de Andrade -que atua como secretário especial do ministro Paulo Guedes (Economia).

Coelho passou a sofrer fritura no governo pouco depois de sua chegada, após a empresa anunciar um reajuste no preço do diesel (no começo de maio). O aumento do valor médio do diesel foi de 8,87% nas refinarias.

O aumento dos preços irritou o presidente Jair Bolsonaro (PL), que decidiu demitir o então ministro de Minas e Energia Bento Albuquerque. Para seu lugar, foi escolhido Adolfo Sachsida -que também era secretário de Guedes.

Bolsonaro criticou neste mês tanto os reajustes da empresa como o lucro trimestral de R$ 44,5 bilhões da Petrobras, que chamou de “estupro”. “Petrobras, estamos em guerra. Petrobras, não aumente mais o preço dos combustíveis. O lucro de vocês é um estupro, é um absurdo. Vocês não podem aumentar mais o preço do combustível”, declarou o presidente, durante sua live semanal.

Em nota sobre a troca, o governo afirma que o país vive um momento desafiador e que é preciso trabalhar por um “cenário equilibrado na área energética”.

“Diversos fatores geopolíticos conhecidos por todos resultam em impactos não apenas sobre o preço da gasolina e do diesel, mas sobre todos os componentes energéticos”, afirma o Ministério de Minas e Energia, em nota.

Segundo a pasta, é preciso manter condições necessárias para o crescimento do emprego e renda dos brasileiros e “fortalecer a capacidade de investimento do setor privado como um todo”. “Trabalhar e contribuir para um cenário equilibrado na área energética é fundamental para a geração de valor da empresa, gerando benefícios para toda a sociedade”, diz a pasta.

Com o movimento, o governo intervém na empresa a menos de cinco meses das eleições. Bolsonaro continua em segundo lugar nas pesquisas e tem a popularidade arranhada pelos preços dos combustíveis e pela inflação como um todo.

Para a maioria dos brasileiros, 68%, a gestão de Bolsonaro tem responsabilidade pela alta no preço dos combustíveis.

Novo escolhido para comandar a estatal, Andrade é responsável pela secretaria especial de Gestão, Desburocratização e Governo Digital. A pasta é responsável pela digitalização de diversos serviços do governo. Por isso, tem trânsito em vários ministérios e alas do governo Bolsonaro.

Andrade tem formação em Comunicação Social pela Universidade Paulista, pós-graduação em Administração e Gestão pela Harvard University e Mestre em Administração de Empresas pela Duke University. É fundador e conselheiro do Instituto Fazer Acontecer.

Em 2019, passou da iniciativa privada para a área pública. Foi presidente da estatal Serpro até agosto de 2020, quando assumiu um cargo na pasta de Guedes. É membro dos conselhos de administração da Embrapa e da PPSA (Pré-Sal Petróleo SA).

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