A cidade vive um clima de total insegurança e o fato é que alguns integrantes decidiram começar nova greve na Polícia Civil. A situação, que já ultrapassou o nível do caos, pode piorar. Frustra as famílias das vítimas e a sociedade, que a sustenta. O salário não é o que a classe deseja, a estrutura está aquém do necessário, mas ambos são bancados pelo suor do povo goiano. O sangue dos filhos desse povo é derramado nas ruas sem que a polícia encontre o autor dos assassinatos.

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Na guerrinha entre as polícias Civil e Militar, a primeira vítima é a tranquilidade do cidadão. Enquanto o praça luta com o agente e o oficial desafia o delegado, não sobra autoridade para impedir os delitos e prender os criminosos. Reivindicam salário mínimo de 7 mil e 250 reais para agentes e escrivães. Com as gratificações, quinquênios e outros ganhos, a remuneração beira a da Polícia Federal. Os integrantes da força goiana merecem contracheques polpudos, mas quem paga também merece a contrapartida em trabalho, não em paralisação.

Em vez de brigarem entre si, as polícias deveriam brigar contra os bandidos. Apenas neste ano, 1 mil e 700 goianos foram assassinados. E não existe investigação para prender os mil e 700 assassinos. A menos que seja um caso rumoroso, com pressão da imprensa, as autoridades esperam que o tempo esclareça, como se o enfileirar dos dias fosse suficiente para desvendar as mortes. Se sequer os homicídios são apurados, coitado de quem teve a visita dos ladrões. Ninguém investiga crime contra o patrimônio. Aliás, ninguém investiga crime algum além de meia dúzia de três ou quatro homicídios escolhidos pela repercussão.

Os motivos são vários, inclusive a deficiência de estrutura e pessoal, e um deles é que todo mundo acha que manda na Polícia Civil. O Ministério Público tem certeza de que manda. O Poder Judiciário firmou a convicção de que manda. A Secretaria de Segurança nutre igual ilusão e a Secretaria de Justiça mantém a mesma quimera. O delegado supõe que manda no agente e no escrivão. A verdade é que ninguém manda na Polícia Civil como um todo, muito menos os sindicalistas. Quem manda na Polícia Civil é cada agente, cada escrivão, cada delegado. Repete-se para a categoria a sugestão de greve ideal, a de intensificar as ações. Quanto mais crimes forem elucidados, mais respeito e apoio a polícia terá. O próprio povo iria às ruas exigir do governo que remunere a polícia à altura de sua eficiência.