Estados e municípios vão receber neste mês 800 mil kits para o tratamentos da influenza A (H1N1). A informação foi divulgada ontem (11), pelo ministro da Saúde, José Gomes Temporão, durante debate sobre a doença no plenário da Câmara dos Deputados

Ao comentar as críticas sobre a distribuição do medicamento Tamiflu, Temporão afirmou que a recomendação de evitar o uso indiscriminado do remédio será mantida. Segundo ele, algumas pessoas vêm defendendo a “banalização” do uso do medicamento. “É uma medida perigosa”, disse, ao acrescentar que casos de resistência do vírus Influenza H1N1 ao Tamiflu já ocorreram em países como o Canadá e a China.

Sobre a indisponibilidade do remédio nas farmácias, ele garantiu que a decisão foi tomada pelo ministério em parceria com o laboratório produtor e que a medida é uma das recomendações feitas pela Organização Mundial da Saúde (OMS). “No Brasil, infelizmente, a automedicação é rotina. O cenário cultural cria problemas.”

De acordo com o Ministério da Saúde, 178 países já foram afetados pela influenza A (H1N1), com um total de 162.380 casos confirmados. Mas o número, de acordo com Temporão, é “subestimável”, uma vez que muitos países – incluindo o Brasil – passaram a contar apenas os casos mais graves da doença.

“Ainda temos pouca informação para prognósticos robustos [sobre a proliferação da doença]. Muitas perguntas ainda não têm respostas”, ressaltou. 

 Matéria-prima para vacina contra gripe chega ao Brasil

A matéria-prima para a produção de vacinas contra a gripe suína – composta por vírus inativos da doença – já encontra-se no Aeroporto de Guarulhos aguardando a liberação da Alfândega. Amanhã o material será encaminhado à Fundação Butantan, onde será recebido pelo presidente da entidade, Isaías Raw. Segundo a assessoria da fundação, a reprodução do vírus e os testes que resultarão na vacina começarão em outubro, com a inauguração da fábrica de Influenza no complexo da Fundação Butantan.

O objetivo da fundação é ter a produção própria da vacina em 2010, estimada inicialmente em 30 milhões de doses. O Ministério da Saúde também está negociando com o laboratório francês Sanofi Pasteur a importação de 17 milhões de doses da vacina, que serão armazenadas no Butantan.

RS registra mais uma morte

A Secretaria Estadual de Saúde do Rio Grande do Sul confirmou hoje a morte de mais uma pessoa causada pelo vírus da Influenza A (H1N1), a chamada gripe suína. A paciente, de 27 anos, era moradora da cidade de Tio Hugo, no norte do Estado, e estava internada no Hospital São Vicente de Paulo, em Passo Fundo, desde o dia 25 de julho. Ela morreu dois dias depois, mas a enfermidade só foi confirmada ontem pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).

Hoje, ao chegar à audiência pública no plenário da Câmara para falar sobre a doença, Temporão, disse que o Brasil já registrou 192 mortes por Influenza A (H1N1) – sem contar o óbito anunciado hoje no Rio Grande do Sul. Segundo ele, 28 gestantes morreram vítimas da enfermidade. Desse total, 30% apresentavam outros fatores de risco.

Governo de SP restringe trabalho de grávidas

A Secretaria da Saúde do Estado de São Paulo decidiu recomendar restrições para grávidas que trabalhem em hospitais e escolas. A medida busca evitar a contaminação pelo vírus da Influenza A (H1N1), a gripe suína, entre as gestantes, que fazem parte do grupo de maior risco de morte em decorrência da enfermidade. De acordo com a pasta, 13 dos 69 óbitos registrados pela gripe suína no Estado até sexta-feira foram de gestantes. O governo do Estado informou que já adotou a medida.

A Secretaria da Saúde ainda estuda o motivo pelo qual a mortalidade tem sido alta entre as grávidas, mas um dos possíveis fatores é a redução da imunidade entre as pacientes, além de diminuição da capacidade pulmonar, especialmente nos três últimos meses de gestação. O governo recomenda que hospitais e demais serviços de saúde transfiram temporariamente funcionárias grávidas para outros setores, cujas atividades sejam de menor risco e onde não haja contato com pacientes portadores de gripe.

Do mesmo modo, escolas, centros de educação infantil e creches devem transferir temporariamente as gestantes para setores que não tenham presença de alunos gripados. A pasta recomenda ainda que na impossibilidade de transferência, as instituições estudem alternativas legais de afastamento temporário das gestantes.

Outros estabelecimentos que possuem funcionárias grávidas também ficam orientados a adotar medidas para reduzir o risco de infecção pela gripe A H1N1. Outra recomendação da pasta é para que gestantes saudáveis evitem situações que facilitem a exposição ao vírus, como o contato com pessoas doentes e aglomerações por tempo prolongado.