António Guterres participou na abertura do Fórum de Governança da Internet.
O secretário-geral da ONU disse acreditar que “chegou a hora de pensar em maneiras de colocar as tecnologias e o seu enorme poder de emancipação ao serviço dos valores fundamentais da humanidade.”
António Guterres participou na abertura do Fórum de Governança da Internet, que aconteceu esta segunda-feira em Paris, França. O encontro reúne mais de 3 mil pessoas até quarta-feira.
Perigos
Guterres lembrou que “nos anfiteatros e cafés parisienses, filósofos e escritores refletem há séculos sobre o impacto da tecnologia na condição humana.”
Segundo ele, “as soluções digitais estão transformando vidas e podem acelerar o trabalho para alcançar os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável.”
Apesar disso, novas questões surgem em torno da segurança cibernética, dados e inteligência artificial. Guterres afirmou que “a Internet é usada como plataforma para discursos de ódio, repressão, censura e controlo.”
Para ele, basta olhar as manchetes e as redes sociais para ver como “são usadas para dividir e até radicalizar as pessoas, alimentando a desconfiança, reforçando o tribalismo e criando ódio.”
Governação
O chefe da ONU fez um apelo para mais regulação. Segundo ele, “a tecnologia deve capacitar e não dominar nossas vidas.”
Guterres afirmou que, assim como aconteceu com as invenções do passado, é preciso definir políticas que contenham consequências não intencionais ou uso malicioso.
Ele afirmou que “discussões sobre governança da internet não podem ser apenas discussões” e que “não se pode deixar o nosso destino na era digital na mão invisível das forças do mercado.”
Apesar disso, o secretário-geral afirmou que as formas clássicas de regulação não se aplicam a muitos destes desafios. Deve se escolher uma cooperação não tradicional, multilateral e com vários parceiros, incluindo governos, setor privado, centros de pesquisa e sociedade civil.
Guterres explicou que “existem muitos riscos digitais, mas alguns podem ser transformados em oportunidades.” Para ele, “quando se trata de governança, devemos ser tão criativos e ousados quanto aqueles que construíram a Internet pela primeira vez.”
Sugestões
O secretário-geral fez outras três sugestões para resolver estes problemas.
A primeira é uma cooperação multidisciplinar. Guterres explicou que “quando se discute dados e inteligência artificial, pode se convidar filósofos a dar uma opinião sobre ética.”
Em segundo lugar, é preciso criar uma linguagem e um conjunto de referências que todos partilhem. O chefe da ONU afirmou que “é preciso ter certeza de que os fóruns mais competentes lidam com as questões mais importantes e que podem se beneficiar de recursos transversais.”
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Na abertura do Fórum, discursaram também a diretora-geral da Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura, Unesco, Audrey Azoulay, e o presidente da França, Emmanuel Macron.
Entre os participantes, estão altos funcionários de governos, líderes da sociedade civil, setor privado e especialistas em política da internet.
Entre os temas a discutir, está a cooperação internacional sobre questões como notícias falsas e disseminação da desinformação, segurança cibernética e privacidade, entre outros assuntos.