O presidente executivo do Vila Nova, Hugo Jorge Bravo, concedeu entrevista ao Sistema Sagres de Comunicação para falar sobre a volta do público aos estádios de futebol. Recentemente o dirigente colorado utilizou sua conta do Twitter para postar uma foto, onde uma rua de Pirenópolis estava lotada de pessoas e comentou, “enquanto isso, estádio segue sem público. Futebol deve viver num mundo que não pertence a esse sistema solar”. Perguntado sobre sua opinião em relação a reabertura dos estádios para o público, Hugo Jorge Bravo fez a seguinte declaração.

“Em relação a essa questão dos estádios, é uma opinião consolidada minha, a partir do momento que se liberam alguns segmentos, como igrejas, shoppings, ambientes que são fechados, a gente não vê tanto sentido em manter essa proibição em ambientes abertos como estádio de futebol. Lógico que tudo parte do princípio da disciplina consciente de cada um em ter o seu cuidado. Nós estamos falando de uma doença séria e que é de fácil contaminação, então tem que se cuidar e prevenir. Mas na medida que se tem um feriado e cidades como Pirenópolis e Caldas Novas, recebem grande aglomeração de pessoas, clubes voltando a funcionar, a gente vê que não faz sentido o futebol não ter essa possibilidade. É contraditório, nosso pensamento é de que deveria retornar o público, lógico que com todas as questões de prevenção e planejamento específico pro retorno, mas não faz sentido nenhum, chega a ser uma tremenda hipocrisia a gente estar lidando com futebol sem público”.

Desde que os clubes de futebol retornaram aos trabalhos e os campeonatos nacionais foram iniciados, as partidas tem acontecido com portões fechados em todo o país e Hugo Jorge Bravo fala sobre o tamanho do prejuízo e revela um valor aproximado que o clube pode deixar de ganhar, dependendo de sua situação na Série C. “Com absoluta certeza o prejuízo é milionário, lógico que se a gente tiver um bom resultado em campo, adquirindo nossa classificação, eu posso falar que com estádio fechado teremos um prejuízo da ordem de três milhões de reais. É um prejuízo muito grande, e é Deus quem tem aberto as portas pra gente estar levando o clube da forma que tem sido conduzido. A bilheteria pra nós, assim como para os demais clubes de massa da Série C, é a maior fonte de arrecadação. Algo que planejamos no início do ano e perdemos nesse momento”, avalia o presidente.

Lembrando que o Vila Nova voltou aos treinos no dia 16 de junho, depois de ficar praticamente três meses parado, por conta da pandemia do COVID-19. De lá pra cá, o clube vem trabalhando principalmente com as receitas de patrocínios, que atualmente não cobrem todas as despesas e o presidente colorado fala sobre o aumento da dificuldade em administrar o clube por conta disso. “A dificuldade aumenta em dez mil por cento, não é nem cem nem mil, é dez mil por cento. A gente sabe o quanto dinheiro é importante, não é tudo na vida, mas é quase tudo num clube de futebol, então a dificuldade aumenta sensivelmente”, enfatiza Hugo Jorge Bravo.

O presidente Hugo Jorge Bravo fala na possibilidade de que pelo menos seja liberada parcialmente, a entrada dos torcedores aos estádios. “O que eu penso é liberar de forma proporcional, nós temos vários segmentos como bares funcionando, igrejas, shoppings, ambientes fechados, então se a gente tirar por base o que tem sido utilizado comumente aí, acredito que um terço da capacidade de público seria algo muito plausível, justificável. Como eu disse, não estou querendo menosprezar a doença, é uma doença perigosíssima, já levou familiares e amigos mas é uma questão que não faz sentido, estão punindo apenas o futebol, é preciso repensar”, destaca.

Quando perguntado sobre o que entende que seria o ideal, o presidente colorado traz vários questionamentos à tona. “Eu defendo primeiro que todo mundo tem que ter disciplina consciente, as pessoas tem que estar conscientizando da gravidade da doença, e defendo, o retorno reduzido do público nos estádios. Não faz sentido você ter vários segmentos como por exemplo o próprio avião. O avião que o Santa Cruz veio jogar com o Vila estava lotado, assim como as viagens que o Vila Nova fez pra enfrentar o Remo e outros adversários. Aí você pensa, uma viagem de três ou quatro horas sem distanciamento, sem nada e qual o sentido do público não estar voltando aos estádios? Qual o sentido de um vilanovense que por ventura já tenha sido imunizado pela doença, estar proibido de entrar no estádio? Não faz sentido nenhum. Então vamos colocando todas essas mensagens, afim de que as pessoas façam uma reflexão sobre tal fato”.

Por fim, o mandatário colorado falou sobre a possibilidade de no mês que vem, os estádios voltarem a receber os torcedores. Seria uma medida encabeçada pelos clubes cariocas e com o Flamengo tomando as primeiras iniciativas. E também destacou a preocupação de que isso se torne uma briga de interesses. “A gente tem acompanhado que vai haver uma movimentação grande dos clubes do Rio, principalmente o Flamengo, pra retorno do público em outubro. A gente espera que eles sejam protagonistas nesse processo e que venha a se estender para as outras a séries do Campeonato Brasileiro. Agora o que não dá é que querendo ou não, poderão aparecer clubes, e teremos que ver quem é quem, se estão pensando no próprio umbigo. É que as vezes, por interesses particulares ou por não estarem tão bem na competição, esses clubes podem vir a brigar ou utilizar de política pra defender a ausência de público pra interesse pessoal, isso é bom de destacar”, finalizou Hugo Jorge Bravo.