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A pesquisa Ibope/Adial divulgada neste fim de semana apresenta um quadro diverso daquele revelado há um mês pela pesquisa Serpes/O POPULAR. Recapitulando. Em 11 de junho, O POPULAR publicou pesquisa com as intenções de voto do senador Ronaldo Caiado (DEM) praticamente estáveis. Ele oscilara de 39% em abril, para 38% em junho. Daniel Vilela (PMDB) também oscilou, dentro da margem de erro que é de 3,5 pontos porcentuais para mais ou para menos, de 6% para 5%.

O governador José Éliton (PSDB) aparecia um pouco melhor. Apesar de a variação de seus índices também estarem dentro da margem de erro, ao menos ela foi um pouco maior que a dos adversários e sua curva de votos era de ascensão. Ele movimentou-se de 6% em abril para 10% em junho. Essa variação entusiasmou os governistas, pois coincidia com um fato político, a posse de José Éliton no lugar de Marconi Perillo.

Desde que assumiu o comando do governo, em 7 de abril, Éliton, repetiu, à exaustão, a mesma estratégia do ex-governador. Lançou programas de governo. Terceiro Turno na Saúde, para atender a demanda reprimida de exames médicos e cirurgias eletivas; batalhão exclusivo da PM para os terminais de ônibus na Região Metropolitana, entre outros programas.

Fez uma agenda exaustiva de visitas a obras, inaugurações, assinaturas de convênios, também no modelo de Marconi. Aproveitou o que pôde espaços jornalísticos e eventos públicos para discursar e apresentar-se como “novo tempo novo”. Por fim, fechou a temporada pré-eleitoral com propagandas em rádio e TV enaltecendo seu próprio governo.

O governador aproveitou os três meses, entre 7 de abril e 7 de julho, para se tornar conhecido dos goianos e mostrar-se como um candidato em condições de se reeleger para o cargo que está nas mãos de seu grupo político desde 1999. Pela lei eleitoral, o governo está proibido desde 7 de julho de fazer publicidade e ele de participar de inaugurações.

A pesquisa Ibope/Adial foi realizada exatamente após essa fase de overdose de mídia, entre 7 e 10 de julho1 e, a julgar pelos números, a superexposição não ajudou muito. Na consulta estimulada, Caiado tem 37%, mantendo sua estabilidade; o governador, 11%; Daniel Vilela, 10%, e Kátia Maria (PT), 4%. O chamado não voto (branco, nulo e indecisos) soma 36%.

Aparecer empatado com Daniel não é estimulante. Vale observar que enquanto o governador estava na mídia criando fatos administrativos, o peemedebista enfrentava dificuldade para manter de pé sua própria candidatura. Às vésperas do início do prazo para as convenções – o período vai desta sexta-feira (20) até 5 de agosto – Daniel ainda não conseguiu montar chapa, diferentemente de Caiado, que já fechou a sua, e do governador que enfrenta problemas por ter de escolher entre mais pretendentes do que vagas.

ibope grafico

Esta pesquisa na realidade acende a luz de alerta para todos os nomes até agora mais competitivos. Éliton descobriu que agenda apertada no interior e mídia oficial por si só não movem índices eleitorais, aliás, fato que o próprio Marconi Perillo já descobrira. Ninguém mais do que este correu por todo o Estado desde março de 2017, quando lançou o Goiás na Frente, até deixar o governo em abril. Apesar disso tem praticamente os mesmos índices de voto da senadora Lúcia Vânia na disputa ao Senado. Segundo o Ibope, Marconi tem 28% das intenções de voto (soma do 1º com o 2º votos) e a senadora, 24%.

O alerta para Caiado é seu teto em todas as pesquisas. Ele não avança. Na semana passada, o senador fechou sua chapa majoritária. Confirmou a segunda vaga de senador para o vereador Jorge Kajuru (PRP) – a primeira é do senador Wilder Moraes (DEM) – e atraiu o deputado estadual Lincoln Tejota (Pros), um dos deputados mais governistas na Assembleia, para a vaga de vice-governador.

Nas palavras do prefeito de Formosa, Ernesto Roller, da dissidência do PMDB que apoia o senador, foi uma jogada de mestre. De fato, uma ação ousada e surpreendente. Ao trazer o deputado governista, Caiado abriu uma porta na base aliada para outros partidos saírem, irritou deputados estaduais que não tiveram do governo o mesmo tratamento dado ao agora adesista Lincoln e criou o fato político mais forte desta pré-campanha.

Todavia, resta dúvidas sobre a eficácia eleitoral dessa jogada. Lincoln agrega votos a Caiado, se ele próprio não é um nome conhecido do eleitorado? O senador montou uma chapa do agrado dos políticos com os quais aliou-se, mas ela tem interlocução com a sociedade? Sua chapa não ficou muito dura para a conjuntura política atual e para quem precisa atrair novos eleitores?

Se o mar não está para peixe para o governador nem para o líder nas pesquisas, imagina para Daniel Vilela. Isolado, com um racha significativo dentro de seu próprio partido, o deputado terá de arranjar forças onde parece não existir para montar sua chapa. Sua situação só não está pior, porque ele ainda encontra ar para respirar nas fissuras de Caiado e de José Éliton.