Considerado um dos grandes jogadores da história do Goiás Esporte Clube (pra muitos o maior), o ex–meia Luvanor pretende voltar ao dia a dia do clube. Ele faz parte da chapa União Esmeraldina, que tenta colher 51 assinaturas de conselheiros para ter o direito de concorrer à presidência executiva na eleição marcada inicialmente para o dia 15 de novembro.
Convidado pelo pré–candidato Vanderlan Alcântara, Luvanor seria o executivo de futebol, com total autonomia, como explicou nesta entrevista ao comentarista Charlie Pereira, da Sagres 730. “Uma das condições que coloquei quando fui convidado para essa função foi ter total autonomia”.
Na entrevista, Luvanor também falou sobre o sistema eleitoral do Goiás, o medo de atuais conselheiros em assinarem a chapa União Esmeraldina, e ainda sobre a tentativa de interferência no seu trabalho quando foi dirigente das categorias de base há nove anos.
Charlie Pereira – Você acredita que a Chapa União Esmeraldina vai conseguir as 51 assinaturas?
Luvanor – Nós acreditamos, não só no registro da chapa, mas acreditamos também na eleição. É uma ideia antiga e formamos um grupo de pessoas jovens que querem resgatar o prestígio do Goiás. Não é fácil competir com o pessoal do outro, mas acreditamos na oportunidade de conseguir mudar o Goiás.
Charlie Pereira – O cenário, com o time na lanterna do Brasileiro, ajuda pra que vocês sejam ouvidos ou existe mais insatisfação no clube além disso?
Luvanor – Existe um apoio total e irrestrito da torcida do Goiás. Os conselheiros com quem temos conversado, todos estão insatisfeitos com o clube, com o que tem sido feito nos últimos 10 anos, mas quando pedimos o apoio pra nossa chapa, pra ter a oportunidade de disputar a eleição as coisas mudam de conversa, por que ficam intimidados, com medo de perder emprego. Infelizmente, alguns conselheiros tem nos decepcionado, porque reclama de tudo no clube, mas na hora ficam em cima do muro. Isso tem nos desagradado. Acho que a torcida do Goiás tem que ter conhecimento disso e cobrar desse pessoal, porque quando têm uma chance para mudar, com novas ideias, sem revanchismo, a gente encontra essa dificuldade com alguns conselheiros.
Charlie Pereira – Como assim, perder emprego?
Luvanor – É porque tem algumas pessoas que são ligadas diretamente ao conselho, mas na realidade é o medo de sair do conselho. Tem pessoas, que de repente, assinando a nossa chapa, podem perder a vaga no conselho e até mesmo o emprego, isso é fato. São coisas inadmissíveis porque aqui se trata de uma campanha justa, leal, sem revanchismo. Essas pessoas devem ter responsabilidade, pois quando queremos uma disputa transparente, eles ficam em cima do muro.
Charlie Pereira – Como é hoje a sua relação com a família Pinheiro?
Luvanor – É uma família que tenho respeito, principalmente pelo seu Hailé, por quem tenho um carinho especial por ele. Da minha parte não tem nenhum rancor ou revanchismo. O fato de eu ter saído, foi uma decisão tomada pela diretoria na época, eu não concordava com algumas coisas, então achamos melhor pelo desligamento e já são nove anos fora. Tenho carinho pelo seu Hailé e vamos precisar dele para administrar o Goiás
Charlie Pereira – Quais são essas coisas erradas que você não concordava?
Luvanor – Quando treinador e depois dirigente da base, tinha algumas coisas que eu não era de acordo, pois tinha pedidos para jogar alguns jogadores que não tinham a menor possibilidade de virarem profissionais, pois bato muito na tecla do profissionalismo e da imparcialidade. Tem que jogar, atletas que possam dar um lucro para o clube, como o Amaral, Felipe Menezes, Rithely, Weliton, Ernando, Tolói, uma infinidade de jogadores que foram formados no clube na minha época. Como eu era dirigente e não aceitava que interferissem no trabalho dos nossos técnicos, acabou acontecendo o meu desligamento.
Charlie Pereira – Essa era uma situação externa ou diretamente dentro do clube? Quais dirigentes eram esses que tentavam interferir na base?
Luvanor – Eram pessoas ligadas à família (Pinheiro), mas isso passou, já faz nove anos, me desliguei. Isso passou, cada um seguiu sua estrada, se um dia eu voltar a dirigir o Goiás, não vou aceitar isso de forma alguma e caso encerrado.
Charlie Pereira – Quais as diferenças entre os candidatos Vanderlan Alcântara e Paulo Rogério Pinheiro?
Luvanor – Vejo mais pelo lado do Vanderlan, né. Uma pessoa que está há mais de 40 anos no Goiás. Empresário independente, competente e que você pode confiar. Não precisa do clube pra viver. É a pessoa mais indicada para encabeçar a nossa chapa. Quanto ao Paulo Rogério, não tenho nada a falar, pois nunca trabalhamos junto. Eu de cá e ele sempre de lá.
Chrarlie Pereira – Você terá autonomia no futebol?
Luvanor – Lógico. Uma das condições que coloquei quando fui convidado para essa função ´foi ter total autonomia. Nosso investimento, pesado, será no futebol, pois tudo flui normalmente quando o futebol vai bem. Lutar por títulos é uma ideia fixa nossa. Claro que pessoas competentes, até mesmo de fora do país, vão nos assessorar, pois o Goiás tem que abrir o leque, buscar investimentos de fora. Como ele (Vanderlan) me deu carta branca, junto com o Doutor Carlão, que será o vice de futebol, então aceitei o cargo.
Charlie Pereira – Um dos tópicos da campanha de vocês é trazer um técnico de “peso”. Quem seria esse técnico de “peso”?
Luvanor – Com o time caindo e o investimento diminuindo de cerca de R$ 70 milhões para R$ 8 milhões por ano, primeiro vamos ter que sanear o clube, depois é que aumentaremos os investimentos. Caso aconteça a queda para a Série B, temos que trabalhar na realidade e recuperar o Goiás. Não sair contratando, como agora com mais de 50 jogadores no clube. O Goiás contratou jogador machucado, que precisa de operar. Na nossa chapa, na nossa mentalidade, pés no chão, vamos primeiro recuperar o Goiás e depois contratar um grande técnico.