“Independência ou morte !!” Neste 7 de setembro, o Brasil completa 197 anos de independência política. No entanto, os efeitos do grito às margens do Ipiranga enfrenta uma série de barreiras. Ao longo do anos, os obstáculos estão numa profunda falta de organização interna do país que nos leva a depender bastante de outras nações. Nos dias atuais, nossa grande barreira começa nas prateleiras dos supermercados.

Ou este país se torna independente, ou será “morte” para a nação. Uma palavra em alta, é o Patriotismo. Mas a lógica nacionalista precisa ir além do discurso, além das cores verde e amarelo. É preciso enfrentar as barreiras, começando pelas prateleiras do supermercado, que dizem muito à respeito de vários aspectos do país e que refletem no cidadão.

A barreira do supermercado tem ficado muito evidente. O Real vem cada vez perdendo mais competitividade frente ao dólar. A moeda estadunidense está cotada a R$ 5,30, bem diferente daquele 1º de julho de 1994, quando R$ 1,00, equivalia a US$ 1,00. O problema não é o câmbio flutuante, e não apena a crise internacional, mas uma falta de organização interna que reflete diretamente naquilo que é essencial e que não conseguimos produzir.

Quem produz no Brasil está de olho na exportação, a remuneração em dólar é bem vantajosa para quem vende, mas para quem compra, ou seja, quem importa, a situação é diferente, o valor é alto. Muitos produtos como o arroz, o feijão, bens de consumo da cesta básica estão sendo balizados pela alta do mercado internacional, mesmo sendo vendidos no país. O Brasil não é independente e sua população sofre para pôr comida em casa.

Outro exemplo, o Brasil tem uma importante produção mineral, mas a riqueza vai embora, escoando pelas rodovias, deslizando pelas ferrovias, chegando a outras nações que beneficiam o produto e vendem mais caro de volta para nós brasileiros. Basta observar o quanto um carro popular está caro, um computador, ou outro item que poderia muito bem ser desenvolvido aqui no país, mas que importamos num valor muito “salgado”.

O patriotismo precisa ir além das bravatas nos discursos e chegar efetivamente ao povo brasileiro. Não pode ficar restrito ao vestir uma camisa da seleção brasileira de futebol. A pandemia da Covid-19 expôs ainda mais a fragilidade deste malfadado país, que não coloca a casa em ordem, que falta respeito às leis, as instituições democráticas, ao povo que aqui vive.

O Brasil é extremamente dependente do mercado internacional e na história recente o país deixou o “cavalo passar” e não se organizou. Por exemplo, Fernando Henrique Cardoso (FHC) poderia ter aproveitado a estabilidade econômica do Plano Real para fazer reformas que o país precisa, como uma Reforma Tributária, efetiva, com carga justa. O que vemos é ricos cada vez mais ricos e pobres cada vez mais pobres.

Os governos do PT de Lula e Dilma, do partido que leva nome de “Trabalhadores” que “arrotavam” aos ventos que o Brasil cresceu economicamente, que o país não era mais submisso ao Fundo Monetário Internacional (FMI), não teve coragem de fazer reformas que fossem justas. Os governos ficaram numa conciliação de classes, mas que o efeito foi contrário.

Não foi feito o dever de casa, não se fez reformas previdenciárias, trabalhistas e tributárias profundas, apenas remendos. O bom momento esbarrou na crise econômica internacional, que não foi uma “marolinha”, como dizia Lula. Os efeitos são sentidos até hoje.

Com governos de Temer e Bolsonaro algumas reformas começaram a sair do papel, mas feitas de forma agressiva à base, à classe trabalhadora e não resolvendo o problema da nação, aprofundando as desigualdades sociais. O cenário com o atual governo não é animador.  Que não voltemos ao sombrio econômico no período da hiperinflação dos anos 1980.

Falta coordenação nacional, o governo é despreparado para resolver uma série de problemas. Por exemplo, sequer foi definido um ministro da Saúde, em plena pandemia da Covid-19. Na economia, declarações confusas, atitudes contestadas, decisões ruins. Não basta ser patriota apenas no discurso, mas fortalecendo o país. A nossa independência vai até  a prateleira do supermercado. De lá tiramos dolorosas lições.  197 anos de independência política e de extrema dependência econômica. Salve o nosso Brasil!!