Inflação prejudica retomada do setor de serviços, que recua 0,6% em setembro

O volume do setor de serviços no Brasil caiu 0,6% em setembro, na comparação com agosto, informou nesta sexta-feira (12) o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Foi a primeira baixa do setor após cinco meses de crescimento.

Frente a setembro de 2020, quando a pandemia provocava mais restrições, houve alta de 11,4%.

Os resultados vieram abaixo das expectativas do mercado. A mediana das projeções de analistas consultados pela agência Bloomberg indicavam variação de 0,5% no mês e de 13,5% na comparação anual.

Segundo o IBGE, quatro das cinco atividades investigadas pela pesquisa tiveram baixa. O destaque negativo ocorreu no ramo de transportes (-1,9%).

“O principal impacto negativo nessa queda do setor de serviços veio dos transportes, que foram influenciados pelas quedas no transporte aéreo de passageiros, devido à alta de 28,19% no preço das passagens aéreas, no transporte rodoviário de cargas e também no ferroviário de cargas”, explica Rodrigo Lobo, gerente da pesquisa do IBGE.

As outras atividades que recuaram no período foram outros serviços (-4,7%), informação e comunicação (-0,9%) e serviços profissionais, administrativos e complementares (-1,1%).

Segundo Lobo, a inflação ainda não afeta tanto o setor de serviços, na comparação com outras atividades, como a indústria e o comércio. A alta dos preços de serviços, frisou Lobo, ainda é menor do que a inflação de maneira geral e mais concentrada em itens específicos, como as passagens aéreas.

Contudo, a partir da retomada dos serviços prestados às famílias, como bares, restaurantes e hotéis, o efeito inflacionário pode colocar em xeque a recuperação do setor, segundo o analista. Ou seja, o avanço dos preços pode virar um desafio maior nos próximos meses.

O setor de serviços prestados às famílias (1,3%) foi o único a avançar na passagem de agosto para setembro. No entanto, ainda está 16,2% abaixo do patamar pré-pandemia.

“Esses são justamente os serviços que mais sofreram com os efeitos econômicos da pandemia e têm mostrado algum tipo de fôlego, de crescimento. Com o avanço da vacinação e a flexibilização das atividades econômicas, as pessoas voltam a consumir com maior intensidade serviços de alojamento e alimentação”, afirmou Lobo.

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