A inflação de Goiânia foi a maior no mês de outubro entre todas as capitais do Brasil. Enquanto na média nacional a inflação subiu cerca de 1,25%, em Goiânia, o aumento foi de 1,53%. Em entrevista à Sagres, o economista Júlio Paschoal explicou que isso ocorre porque a economia da capital é baseada na área de serviços, que, segundo ele, teve aumentos maiores do que as mercadorias.

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“Os serviços de manutenção, elétricos, área de alojamentos, de restaurantes, isso tudo tem sentido muito com esses aumentos, principalmente, dos combustíveis e da energia elétrica. E isso tem sido repassado para os preços ao consumidor. Então, quando a economia gira em torno da área de serviços, e os pontos que estão pesando são energia e transporte, isso tende a favorecer um aumento maior da inflação”, detalhou o economista.

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Aumento da taxa Selic sem controle da variação do dólar não vai reduzir inflação

Para Júlio Paschoal, o governo federal tem atacado o problema errado na tentativa de controlar a inflação. O economista apontou que a inflação tem sido tratada como se houvesse uma pressão de consumo sobre a oferta, ou seja, inflação de demanda, enquanto na verdade é uma inflação de custo.

“Todos os preços estão subindo, principalmente, pela flutuação do dólar que está puxando o preço dos insumos, e as empresas repassando isso tanto para o varejo, quanto para o atacado, e quem paga a conta é o consumidor”, analisou Júlio.

Ainda para o economista, a flutuação do dólar está diretamente ligado ao desequilíbrio fiscal no Brasil. “A saída para o governo é buscar o cumprimento das metas fiscais e evitar situações como essa da PEC dos precatórios, que quebra o teto de gastos. Isso gera toda uma insegurança no mercado, que é repassada para a moeda estrangeira, que flutua sobre o real e acaba forçando o aumento de todos os preços da economia […] O cenário é preocupante porque eles estão agindo com a política errada, aumentando a taxa Selic. Eles estão fazendo o inverso”, pontuou Júlio.

Outro detalhe citado pelo economista é a instabilidade política no Brasil. “Por um lado, você fica pressionado por aquilo que o presidente vai dizer e por aquilo que o mercado está assistindo da própria atuação do governo. Tudo que causa insegurança no mercado, principalmente partindo do governo, faz com que o dólar suba em reação ao real. E essa valorização do dólar implica em toda a cadeia de produção do país”, argumentou.

Os maiores prejudicados

Diante deste cenário de alta da inflação, os consumidores perdem poder de compra, ou seja, ganham o mesmo salário, mas já não é mais capaz de comprar a mesma quantidade de produtos. Júlio detalhou que, neste caso, as pessoas que ganham de um salário-mínimo até R$ 3 mil são as mais prejudicadas.

“Essas famílias gastam cerca 50% a 60% dos seus salários só com alimentos. Quando a gente coloca higiene pessoal, material de limpeza, energia e água, isso praticamente avança para cerca de 70%, 80% da renda de quem ganha menos. Então, a inflação tem que ser combatida para todos, mas principalmente para quem ganha menos. Essa é a grande preocupação que a gente tem”, finalizou.

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