A partida entre Inglaterra e Irã realizada nesta segunda-feira (21) no Estádio Internacional Khalifa, em Doha, não se resume apenas à goleada dos ingleses sobre a seleção iraniana por 6 a 2. Muita coisa aconteceu antes da bola rolar para o primeiro jogo do Grupo B da Copa do Mundo.

Confusão

Logo no segundo jogo do Mundial torcedores tiveram problemas para entrar no estádio. Tudo porque o aplicativo oficial da FIFA apresentou um erro e torcedores reclamaram que seus ingressos para as partidas da Copa do Mundo haviam sumido. Centenas de pessoas tiveram o mesmo entrave e filas imensas se formaram antes da partida entre Inglaterra x Irã.

Alguns fãs conseguiram ter seus bilhetes impressos, mas a grande maioria não teve o seu problema resolvido. Enquanto uns tentavam adquirir o ingresso novamente, outros desistiram de assistir a partida. A questão deve ser resolvida pela FIFA, já que os torcedores que adquiriram entradas para outros jogos informam que estas também não estão mais presentes no aplicativo disponibilizado pela entidade.

Manifestações

Os últimos dias de preparação da seleção iraniana para a Copa do Mundo não foram nada tranquilos. O país vive uma onda de protestos desde a morte de uma jovem de 22 anos que foi detida pela polícia por violar as regras do hijab, lenço que cobre a cabeça das mulheres.

Durante as últimas semanas os jogadores do Irão foi instruídos a não se posicionarem sobre a situação, porém alguns integrantes importantes do elenco ignoraram a ordem. O meio-campista Ali Karimi e os atacantes Sardar Azmoun e Mehdi Taremi utilizaram suas redes sociais para se posicionarem a favor das manifestações.

Os protestos, no entanto, não ficaram apenas no país asiático. Dentro do Estádio Internacional Khalifa manifestações à favor dos direitos das mulheres também foram vistos. Torcedores levaram para a arquibancada cartazes com os dizeres “mulher, vida e liberdade”.

Outra imagem que chamou a atenção foi de uma torcedora iraniana chorando durante a execução do hino nacional. Assim como a cultura de seu país, ela usava o hijab. O detalhe é mulher em questão acompanha a estreia do Irã no mundial dentro do estádio, o que não acontece em solo iraniano, já que a presença das mulheres nas partidas de futebol é proibida.

Além das manifestações isoladas de três atletas antes da Copa começar, os jogadores voltaram a apoiar os protestos dentro de campo. Desta vez, ninguém cantou o hino durante a execução antes do confronto contra a Inglaterra.

Medo de represálias

Antes de estrear no mundial, sete países europeus -entre eles a Inglaterra- haviam manifestado o desejo de entrarem em campo com a braçadeira de capitão nas cores do arco íris em apoio a causa LGBTQIA+ com a frase “One Love”. Os ingleses até estavam dispostos a serem punidos caso a penalidade ficasse apenas no âmbito financeiro com o pagamento de multa, no entanto, em comunicado enviado às federações nesta segunda-feira (21), a FIFA alertou que o capitão que utilizasse a referida braçadeira durante os jogos do mundial receberiam cartão amarelo como punição.

Sendo assim, as sete seleções desistiram do ato e Harry Kane, capitão da Inglaterra, carregou uma braçadeira indicada pela FIFA com os dizeres: “Sem discriminação”.

Sem poder entrar em campo com o objeto que trazia apoio a causa LGBTQIA+, os ingleses protestaram contra o racismo antes do apito inicial. Todos do elenco da Inglaterra ficou de joelhos no gramado do Estádio Internacional Khalifa, em Doha, no Catar.

Estreia brasileira

A Seleção Brasileira só estreia na Copa do Mundo na próxima quinta-feira (24), às 16h, contra a Sérvia. No entanto, neste segundo dia de competição alguns brasileiros já entraram em campo. Tudo porque a partida entre Inglaterra e Irã teve a arbitragem brasileira de Raphael Claus, que foi auxiliado por Rodrigo Henrique Corrêa e Danilo Ricardo Simon Manis.