(Foto: Reprodução / Internet)

O Brasil reduziu o desmatamento no Cerrado em 11% em 2018 e registrou a menor taxa da série, considerando o período de análise de 2001 até 2018. Os dados são do Prodes Cerrado, que monitora a derrubada da vegetação nativa no bioma.

De acordo com o pesquisador do Laboratório de Processamento de Imagens e Geoprocessamento do Instituto de Estudos Socioambientais da UFG, Leandro Parente, entre 2001 e 2008 as taxas de desmatamento eram mais elevadas e agora há uma queda.

“O desmatamento ainda acontece muito, mas em uma região mais concentrada do Cerrado”, afirmou. Essa área, segundo o pesquisador, é uma área de expansão e de fronteira agrícola, concentrada na Bahia, Tocantins, Piauí e Maranhão. “Há um polo agrícola, de plantio de soja naquela região, que do ponto de vista estratégico para o agronegócio, é conhecido como Matopiba”.

Mesmo sendo o mais desmatado, a região do Matopiba [acrônimo das siglas dos Estados de Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia] é a área mais preservada. Segundo Leandro Parente, a maior parte da vegetação desses locais é remanescente, ou seja, ainda não foi destruído.

“Se pensar em termos do Cerrado, ele está com 50% preservado e 50% antropizado, com pastagem, área urbana ou agricultura”, explicou. “Então há apenas 50% da vegetação preservada e ela encontra-se muito na região norte do bioma Cerrado, nesses quatro estados que eu comentei”, completou.

O pesquisador da UFG disse, em entrevista às Sagres, nesta sexta-feira (2), que o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), desenvolve programas de monitoramento do desmatamento na Amazônia e no Cerrado, por meio do Prodes [Programa de Monitoramento da Floresta Amazônica], Prodes Cerrado [Programa de Monitoramento do Bioma Cerrado] e do Deter [Sistema de alerta para dar suporte à fiscalização e controle de desmatamento e da degradação florestal realizadas pelo Ibama e demais órgãos ligados a esta temática].

Ouça a entrevista completa:

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Polêmica

O governo federal contestou os dados sobre desmatamento apontados por imagens de satélite usadas no monitoramento ambiental pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), órgão vinculado ao Ministério de Ciência e Tecnologia. Segundo dados do sistema que capta essas imagens de monitoramento ambiental, o Deter, houve, até o dia 26 de julho, crescimento de 212% nas áreas desmatadas da Amazônia em relação ao mesmo mês do ano passado.

O pesquisador do Laboratório de Processamento de Imagens e Geoprocessamento do Instituto de Estudos Socioambientais da UFG, Leandro Parente, explicou que o Inpe utiliza dois sistemas de pesquisa do desmatamento, o Deter – base em um satélite brasileiro com levantamento em tempo real e diário, com 60 megapixels de resolução – , e o Prodes – que é um programa de monitoramento de desmatamento com são os números oficiais anualizados.

Segundo o pesquisador da UFG o Deter é uma espécie de previsão do que vai acontecer até o final do ano, que vai ser monitorado pelo Prodes, que é um sistema que realmente consolida o desmatamento e gera o número oficial do desmatamento.

“É uma metodologia consolidada desde 2004, que já sofreu grandes aprimoramentos e hoje utiliza um satélite brasileiro, que tem uma resolução de 60 megapixels”, explicou. “É um satélite gratuito, um satélite público, as imagens estão livres para que qualquer pesquisa, pesquisador ou empresa possam utilizar”.

O ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, anunciou que o governo abrirá uma licitação, junto ao Ibama, para contratar um novo sistema de monitoramento ambiental que ofereça imagens de alta resolução para detalhar áreas desmatadas. Para o pesquisador, essa licitação envolvendo dados de alta resolução vai ter um custo de aquisição dessas imagens, fora o custo de processamento e alteração de metodologia. “Isso realmente traz um grande Impacto para esse monitoramento que o Inpe vem fazendo há vários anos”.