A derrota para o Ceará na sexta rodada do Campeonato Brasileiro da Série A foi um divisor de águas para o Atlético-GO dentro da competição. O tropeço em casa contra o Vozão “irritou” o técnico Vágner Mancini que promoveu mudanças drásticas no time titular e o meia Jorginho acabou deixando o clube e assinando com o Athletico-PR.

Entre as alterações o treinador rubro-negro barrou o até então capitão Gilvan e promoveu a entrada de João Victor, de apenas 22 anos, para fazer a dupla titular com Éder.

“Ninguém espera ser titular em tão pouco tempo, mas eu trabalho e me dedico bastante, sou um cara otimista e confio bastante no meu futebol. Eu treinei e me preparei para quando o professor precisasse eu estar pronto. Treinei para ser titular o mais rápido possível sim, mas não esperava ser tão rápido”, disse o zagueiro em entrevista à Sagres.

O ponto de partida para a titularidade de João Victor foi o empate em 1 a 1 com o Fluminense no Rio de Janeiro pela sétima rodada do Brasileirão. Mesmo sendo um jogo fora de casa, com o rubro-negro pressionado e substituindo o até então capitão Gilvan, o zagueiro recebeu confiança do técnico Vágner Mancini.

“O professor Vágner (Mancini) conversa com todo mundo, sempre está orientando e tentando passar as melhores experiências que ele já viveu. O jogo contra o Fluminense foi até uma surpresa para mim, fiquei sabendo no hotel que seria titular. Ele falou para eu jogar o futebol que eu vinha mostrando nos treinamentos que tudo daria certo e eu faria uma grande partida. Tudo começou naquele jogo, venho fazendo grandes partidas e estou muito feliz com a oportunidade e o meu desempenho também”, revelou o camisa 3.

Ele ainda fez questão de elogiar o experiente zagueiro, que foi importante para o Atlético-GO na temporada passada e era titular absoluto até sua chegada. Segundo João, mesmo fora de campo, Gilvan continua exercendo seu papel de liderança.

“O Gilvan é um cara totalmente profissional que eu tenho certeza que se eu precisar de qualquer coisa ele vai me ajudar. No momento em que ele estava jogando eu sempre respeitei ele e torci por ele, e agora que eu estou jogando ele faz a mesma coisa por mim. O Gilvan sempre me dá dica e me orienta, e é um jogador muito importante para o time”, afirmou.

O jovem atleta também enalteceu a parceria com Éder, que também ganhou a titularidade com a chegada do novo treinador. “Acho que a gente se entrosou muito rápido e fácil ali na zaga. Ele é um jogador que tem uma boa saída de jogo, um atleta muito forte e rápido, que passou por grandes clubes e é mais experiente que eu. Algumas características nossas ‘bateram’ e estamos fazendo uma boa dupla de zaga sim”.

(Foto: Paulo Marcos/ACG)

Juventude na zaga

Essa é a primeira Série A da carreira de João Victor que após se destacar nas categorias de base do Corinthians, foi peça importante para a Inter de Limeira durante o Campeonato Paulista deste ano. Agora, apesar de jovem, ganhou oportunidade com Vágner Mancini.

“Sei que a cultura brasileira, principalmente no setor defensivo, há uma preferência por jogadores mais experientes, que já passaram por grandes clubes e times de Série B. Isso depende muito da metodologia do clube, tem quem gosta de jogadores mais jovens e tem quem goste de atletas mais experientes”, analisou.

“Eu sou um cara que independente de quem esteja jogando de titular, eu vou procurar o meu espaço e não foi diferente aqui. Eu sabia que eram grandes jogadores que estavam jogando aqui, mas eu falei que era a minha oportunidade de ouro de mostrar o meu futebol não só para o Atlético-GO mas para o Brasil inteiro. Sou novo, mas me preparei bastante para estar no momento que estou hoje”, destacou João Victor.

Recuperação

Desde que assumiu a condição de titular, o Dragão não perdeu mais. Foram quatro partidas (Fluminense, Grêmio, Vasco e Bahia), com dois empates, duas vitórias e três gols sofridos nos quatro jogos. João Victor comemorou o bom momento do sistema defensivo, o bom futebol da equipe e a recuperação nas últimas rodadas.

“É um pouco difícil falar, mas a equipe teve uma melhora sim. Não só porque eu entrei, mas acho que o time passou a compreender melhor o que o Mancini pedia dentro de campo. Cada jogador tem uma característica e sou um atleta que consigo ter uma boa saída de bola, sou muito rápido, então acho que isso facilitou um pouco pra gente jogar do jeito que o Mancini pede. O time está mais compacto, mais entrosado. Então fico feliz por em quatro jogos a gente tomar três gols, jogando com grandes equipes. Ganhar duas partidas e empatar duas é uma soma de pontos muito importante para gente, e eu tenho certeza que nosso time tem muito a evoluir e crescer no Campeonato Brasileiro”, disse à Rádio Sagres.

Referências

Natural de Bauru, interior de São Paulo, João Victor passou pelas categorias de base do Botafogo-SP e do Atlético-MG antes de chegar ao Corinthians. A inspiração, desde os primeiros passos no futebol, é um dos melhores zagueiros do mundo: Sérgio Ramos, atleta de 34 anos do Real Madrid.

“Minha inspiração é o Sérgio Ramos, jogador que já conquistou tudo no futebol. Ele sempre está querendo mais, se for para dar a vida por um companheiro dentro de campo ele dá, então essa característica dele se assemelha muito a mim, querer sempre mais. Óbvio, não ganhei títulos como ele, mas tenho certeza que um dia posso chegar nesse nível trabalhando e me dedicando bastante”, explicou o defensor.

Outra referência para o jogador rubro-negro também passou pelo time espanhol, mas não é zagueiro. “Em relação à pessoa é o Cristiano Ronaldo porque é um atleta que se dedica ao máximo, determinado e que quer sempre vencer e estar no topo. Acho que a personalidade dele é única no futebol e ninguém se parece com ele”, pontuou.