O prefeito de Goiânia, Iris Rezende (PMDB), recebeu a equipe de jornalismo da Rádio 730 para uma entrevista exclusiva no Paço Municipal. Entre os vários temas abordados no diálogo, Iris avaliou os primeiros meses de sua gestão e explicou porque ainda não indicou um líder na Câmara de Vereadores da capital.

Câmara Municipal

Mais de 100 dias após tomar posse, o prefeito Iris Rezende ainda não decidiu qual parlamentar será anunciado como seu líder na Câmara de Vereadores. A demora na escolha por parte do prefeito têm gerado desconforto entre alguns vereadores, que acusam Iris de desprezar o legislativo.

Entretanto, segundo o prefeito, a delonga na decisão deve findar ainda neste mês, logo após a prestação de contas do primeiro quadrimestre de sua gestão. “Essa é uma legislatura especial. Me parece que 20 ou 21 partidos têm vereadores eleitos na Câmara. Quando eu vi 20 partidos com representação na Câmara e o meu partido com apenas três vereadores, eu vi que não poderia me precipitar”, justifica.

Nomes como os dos vereadores, Clécio Alves (PMDB) e Paulinho Graus (PDT) chegaram a ser apontados como possíveis opções do prefeito para representá-lo na Câmara. Contudo, Iris afirma ainda não ter decidido quem será o líder e não descarta a possibilidade de repassar a responsabilidade sobre a escolha para os próprios parlamentares. “Ainda não tenho o nome do líder. Eu espero escolher o líder após a prestação de contas do primeiro quadrimestre da minha gestão, e talvez até eu transfira a responsabilidade para a própria Câmara: – escolham pra mim!”.

Saúde Pública

Além de criticar a indefinição no que tange à escolha do representante do prefeito na Casa, alguns parlamentares também têm se queixado da postura de alguns secretários municipais. As reclamações se referem principalmente à forma como a secretária municipal de Saúde, Fátima Mrué, se relaciona com os vereadores.

Segundo Rezende, a opção por uma secretária que não possui carreira política foi proposital. “Vencidos os contratos com mais de 400 médicos, nós assinamos novos contratos e impusemos novas condições. Nós fomos buscar uma pessoa totalmente distanciada de grupos e da área política para ser nossa secretária da Saúde”, pontua.

Em março deste ano, venceram os contratos de mais de 400 médicos que atuavam em Goiânia. Com o vencimento, a prefeitura optou por renegociar os contratos, operando mudanças principalmente na tabela salarial dos profissionais. As novas determinações contratuais não agradaram os médicos, que decidiram paralisar parcialmente as atividades.

Em virtude dessa situação, a população teve de enfrentar problemas como a falta de médicos e a superlotação nas unidades de saúde. Com vistas à resolver a questão, a prefeitura abriu novo edital de contratação.

No sábado (29), o órgão publicou em sua página oficial na internet, a informação de que 540 médicos apresentaram propostas para prestar serviços de saúde. As inscrições dos médicos que estiverem habilitados passarão ainda por um estudo de demanda por parte da Secretaria Municipal de Saúde (SMS).

Obras do BRT

A construção das obras do Bus Rapid Transit (BRT) de Goiânia – chamado de Corredor Goiás Norte/Sul– foi iniciada pelo consórcio formado pelas empresas Isolux Corsán, EPC e WVG, vencedor da concorrência, ainda no ano de 2015.

Todavia, as obras – que deveriam ter sido concluídas no prazo de 20 meses após o início da construção – ficaram paradas por um longo período de tempo. Segundo Iris Rezende, o BRT ainda não saiu do papel de vez por causa de dívidas deixadas pela gestão anterior. “Nós negociamos com as empresas e estamos pagando o atraso com R$ 1 milhão por mês. A própria Caixa Econômica Federal autorizou esse pagamento. Mas, em todo caso as obras foram retomadas há cerca de 20 dias”, assegura o prefeito.

A proposta do consórcio foi de execução da obra por um valor de pouco mais de R$ 240 milhões, contemplando o corredor de ônibus com 21,7 quilômetros de extensão, ligando os eixos Norte e Sul da cidade goiana. Dentro do projeto, serão construídas 38 estações de embarque e desembarque de passageiros, além da reforma e ampliação de sete terminais de integração.

Odebrecht

No mês passado, o relator da Lava Jato no Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Edson Fachin, divulgou uma lista com nomes de vários políticos acusados de corrupção por delatores da Lava Jato.

Sete goianos foram citados, entre eles o próprio prefeito Iris Rezende. Além dele aparecem na lista: o governador Marconi Perillo (PSDB); o deputado federal Daniel Vilela (PMDB) e o pai dele Maguito Vilela (PMDB); Sandro Mabel; Demóstenes Torres e o ex-prefeito de Trindade, Ricardo Fortunato (PMDB).

Acusado de ter recebido cerca de R$ 300 mil de Caixa Dois na campanha para o governo estadual em 2010, Iris comentou o caso e disse estar com a consciência tranquila. “Saiu isso uma vez na imprensa e nunca mais saiu em lugar nenhum. No relatório, naquela delação, o delator teve a preocupação de acrescentar que a empresa não me conhecia e que nunca tinha tido relacionamento comigo. Ele mesmo se encarregou de dizer que não foi fruto de negociata”, enfatiza.

Ao ser questionado pelo jornalista Rubens Salomão sobre seu posicionamento acerca da presença dos nomes de Maguito e Daniel Vilela na lista de Fachin, o prefeito manteve um tom cauteloso e respondeu que é preciso ter cuidado ao avaliar as delações. “Até provem o contrário eu continuo confiando totalmente neles’, acrescenta.

Confira a entrevista na íntegra:

{mp3}Podcasts/2017/maio/03/entrevista_exclusiva_prefeito_iris_rezende{/mp3}

Fotos: Petras de Souza/Portal 730

{gallery}2017/irisexclusivanopaco{/gallery}