A ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, diz que o Congresso Nacional está na contramão do que precisa ser feito para evitar os desastres climáticos no país. A auxiliar do presidente Lula (PT) fez referência a 25 projetos e três emendas à Constituição lesivos ao meio ambiente que tramitam no parlamento. Marina espera que a tragédia no Rio Grande do Sul sirva como uma reflexão contra o negacionismo climático de parlamentares.
De acordo com levantamento do Observatório do Clima, os projetos pertencem ao chamado “pacote da destruição” e envolvem temas como licença ambiental, grilagem, direitos indígenas e redução no financiamento da política ambiental. Em entrevista à rádio CBN, a ministra afirmou que o que acontece na Amazônia tem reflexo no Rio Grande do Sul. Ela ainda defendeu a proteção para todos os biomas brasileiros sob pena de o país sofrer consequências pelo interior.
“Essa tarefa precisa envolver todos os setores, toda a sociedade, todos os poderes. Então nesse momento eu espero que essa situação terrível do Rio Grande do Sul leve a que o Congresso reavalie essa posição”, afirmou. Entre os projetos, a ministra criticou o PL 3.334/2023, de autoria do senador bolsonarista Jaime Bagattoli (PL-RO), que reduz área de floresta legal na Amazônia de 80% para 50%. A matéria abre brecha para o desmatamento na região de uma área equivalente a 8,5 milhões de campos de futebol, similar a duas vezes o tamanho do estado do Rio de Janeiro.
Projetos
“É lamentável que isso esteja acontecendo nesse momento. Em que a emergência climática, os eventos extremos colocam em três dimensões o tamanho da desgraça que isso causa à vida humana, ao patrimônio público, a economia do país, em todos os sentidos”, avalia Marina sobre os projetos e emendas.
Contramão
Para a ministra, os projetos estão totalmente na contramão dos esforços que precisam ser feitos. “Por exemplo, diminuir reserva legal na Amazônia de 80% para 50% da área, isso é agravar sobremaneira o problema tanto das cheias quanto das secas. Quando você faz projetos para acabar com licenciamento ambiental, sem os cuidados para evitar emissões de CO2, isso leva a esse tipo de agravamento”, aponta.
Negacionismo
“Obviamente que para quem tem uma visão negacionista. Voltada só para o lucro imediato, de não considerar a qualidade de vida digna, vai querer agravar ainda mais o problema. Eu sempre digo que nós não podemos destruir recursos de milhares e milhares de anos pelo lucro de poucas décadas”, finalizou.
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*Este conteúdo segue os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), na Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas (ONU). ODS 13 – Ação Global Contra a Mudanças Climática; e ODS 16 – Paz, Justiça e Instituições Fortes.