O empresário Joesley Batista – um dos donos do frigorífico JBS – concedeu uma entrevista à revista Época, na qual chamou o presidente Michel Temer (PMDB) de “chefe da maior e mais perigosa organização criminosa” do país.

Ao classificar Temer como “chefe de quadrilha”, Joesley Batista cita como integrantes da “organização criminosa”, o deputado cassado Eduardo Cunha e os ex-ministros, Henrique Eduardo Alves, Geddel Vieira Lima e Moreira Franco.

Além disso, Joesley também confirmou ter comprado o silêncio do deputado cassado Eduardo Cunha e que Geddel Vieira Lima seria o “mensageiro” do presidente, que o procurava com o intuito de garantir que Cunha ficasse calado. “Quem não está preso está hoje no Planalto. Essa turma é muito perigosa. Não pode brincar com eles. Nunca tive coragem de brigar com eles. Esse grupo é o de mais difícil convívio que já tive na minha vida. Eles não tem limites”, declara o executivo da JBS.

À revista Época, Joesley afirmou ainda que nunca foi amigo de Temer e que ambos mantinham uma relação “institucional”. Em trechos da conversa, o dono da JBS assinala que Michel Temer o via como “um empresário que poderia financiar as campanhas dele e fazer esquemas que gerariam propinas”.

Segundo Batista, Temer era uma espécie de “superior hierárquico” para Eduardo Cunha. “Tudo que o Eduardo Cunha conseguia resolver sozinho, ele resolvia. Quando ficava difícil ele levava para o Temer”, esclarece.

Entretanto, o empresário aponta que o início das negociações se davam por meio de Lúcio Funaro, tido como principal operador de propina de Cunha. “Primeiro vinha o Lúcio. O que ele não conseguia resolver ele pedia para o Eduardo. Se o Eduardo não conseguia resolver, envolvia o Michel”, acrescenta.

Quando o esquema de propina envolvia ações mais “elaboradas”, Temer recorria ao ex-presidente da Câmara Federal. Segundo Joesley, o presidente participava diretamente das decisões acerca de disputas pessoais e favores, como aconteceu em 2014. “Eduardo Cunha sempre deixava claro que o fortalecimento dele era o fortalecimento do grupo da Câmara e do próprio Michel”, pontua.

A maior crise enfrentada pelo governo Temer foi deflagrada depois que Joesley e o irmão dele, Wesley Batista – que também é dono da JBS – revelaram em delação premiada à Procuradoria-Geral da República (PGR), que gravaram o presidente Michel Temer (PMDB) dando o aval para comprar o silêncio de Eduardo Cunha. O presidente nega as acusações.  

Com informações da revista Época