Com a mesma autoridade de um alto membro do governo federal ou de um presidente de partido, o ex-ministro José Dirceu cumpriu uma agenda apertada durante sua passagem em Goiânia.

Assim que chegou, na quinta-feira, 6, foi ao encontro do prefeito Iris Rezende. Em seguida, na Assembleia, foi recebido por lideranças petistas, entre elas os deputados federais Rubens Otoni e Pedro Wilson. Ao entrar no auditório, onde proferiu palestra sobre o plano de governo de Dilma Rousseff, foi aplaudido efusivamente pelos militantes. No dia seguinte, reuniu-se com o governador Alcides Rodrigues, o prefeito de Aparecida de Goiânia, Maguito Vilela, e com o prefeito de Anápolis, Antônio Gomide. As reuniões tiveram um assunto em comum: a união dos partidos que darão sustentação à candidatura da ministra Dilma Rousseff  à Presidência da República. Nesta entrevista coletiva, Dirceu reafirmou que o objetivo do PT é ganhar em Goiás e eleger Dilma.

O sr. acredita na união das forças partidárias em torno do nome de Dilma Rousseff?
José Dirceu – Trabalho para isso e acredito que é possível. Tem sido assim no Brasil. A ministra já é candidata do PT, tem apoio unânime do PT, há oito meses isso não era realidade e ela tem o apoio de quase um quarto do País, portanto é uma candidata viável, até mesmo porque tem o apoio do presidente. E nós precisamos do apoio do PMDB, precisamos do apoio do PR, que indicou o vice-presidente José Alencar duas vezes, do PC do B, PSB, PDT, PTB, PP, precisamos consolidar esta aliança que possibilitou que o presidente fizesse essa obra que o Brasil, hoje, apoia. O presidente tem o apoio da imensa maioria do povo, precisa dar continuidade a esta obra e a ministra Dilma é a candidata que ele indicou para o País. Trabalho para isso e acredito que é viável, como foi em 2002 e 2006.
 
O que foi tratado na sua reunião com o prefeito Iris Rezende?
Ouvi do prefeito um relato, que me deixou muito satisfeito, sobre o governo que ele vem realizando. A obra que ele realizou aqui é fantástica. Ele tem o nosso apoio, o apoio do presidente Lula, do próprio governador e eu o apóio de maneira entusiasta também. Conversamos sobre a recuperação da economia, que o país está saindo bem da crise, do anúncio das obras e inaugurações do presidente em Goiás. Também falamos do nosso desejo de estarmos juntos em 2010 para governarmos Goiás, como governamos a Capital. Mas nem o prefeito é candidato ainda como também não é hora de decidir isso. Temos também uma aliança com o governador, temos trabalhado juntos, temos aliança com o PR, e vamos trabalhar isso nos próximos meses. O PT tem acompanhado, o presidente tem conversado muito com o governador e acredito que é possível nós ganharmos o governo aqui em 2010.
 
O PT pode buscar um nome para presidência em 2010 fora do partido?
A ministra Dilma está bem de saúde, melhor que nós. Ela superou um câncer linfático, ela faz agora a radioterapia.  Ela está trabalhando a pleno vapor, viajando por todo o país, e hoje mesmo (quinta-feira, 6) está em São Paulo, realizando todas as suas tarefas, que não são poucas. Ela é chefe da Casa Civil, coordenadora do PC, presidente do Conselho de Licitação da Petrobras, acompanha toda a política energética do País, coordena o governo e ainda é candidata. Então ela está com saúde para ser candidata e vencer as eleições. Não há nenhuma possibilidade de termos outra alternativa.
 
Qual a estratégia do PT para 2010 em Goiás? Vai apoiar Iris Rezende?
Temos de dialogar e construir a melhor solução para ganhar as eleições. O objetivo é ganhar as eleições. Qual será a melhor estratégia, se Henrique Meirelles ou Iris Rezende, se dois candidatos ou um só, isso vai depender da situação política e da posição de cada partido e de cada candidato. O prefeito deixou claro que não é candidato ainda e eu não vim aqui para falar em nome do PT e declarar apoio ao prefeito, seria irresponsabilidade. Trabalho é para consolidar a aliança com o PMDB.
 
Henrique Meirelles também não poderia ser vice de Dilma Rousseff?
Depende. Se ele se filiar ao PMDB, ele poderia virar um vice-presidenciável, pois o PMDB já tem nomes. Se ele não se filiar ao PMDB, isso fica bastante difícil. Se ele vai ser candidato a governador ou senador por Goiás, isso vai depender das negociações políticas, dos acordos, da conjuntura, isso depende muito do presidente Lula também, todos afirmam isso. Eu tenho procurado consolidar o nome da ministra Dilma, debater o programa de governo da ministra Dilma e tenho procurado ajudar a consolidar a aliança dos partidos da base, particularmente o PMDB, porque é prioritário, sem desprezar os demais que são importantes.
 
Meirelles ou Iris?
Acho que tanto o Meirelles quanto o prefeito e o governador são políticos, homens de bastante serenidade e experiência. Acho que vai haver um bom diálogo e todo mundo tem um só objetivo, ganhar Goiás e eleger a Dilma. Nisso estamos de acordo.
 
Há também o interesse em evitar a eleição de Marconi Perillo?
Não há isso. Nós queremos governar Goiás, acho que temos o direito pelo que o presidente Lula fez no Brasil, pelo papel que o PT tem hoje no País, pela gestão que está sendo feita na Capital com uma aliança. Temos o direito de pleitear ao povo de Goiás que nos dê a oportunidade de governar o Estado, de trazer toda a experiência que temos, não é uma questão de derrotar este ou aquele.
 
E a opção Rubens Otoni?
O PT tem que considerá-lo, evidente. Conforme a circunstância, pode ser que o PT precise lançar uma candidatura, e Otoni é um excelente nome, ganhou a simpatia do partido.
 
Mercadante errou na sua posição contra Sarney no Senado?
Não podemos julgar, não quero julgar o senador Mercadante. A bancada estava dividida na questão, o papel dele foi, como líder, de buscar consenso e procurar saídas. O importante é que nós superamos. Para mim, o discurso de José Sarney foi satisfatório. Agora é preciso apurar, punir os responsáveis, seja senador, diretor, funcionário. O Senado já tomou uma série de medidas e não pode atribuir a José Sarney toda a responsabilidade e isentar, por exemplo, o senador Arthur Virgílio, que é réu confesso, por nomear um funcionário fantasma, de tomar U$ 10 mil do Agaciel Maia, de nomear um professor de Jiu Jitsu para seu gabinete, de um membro de sua família ter feito tratamento de saúde de mais de R$ 700 mil pelo Senado. Como pode?