O goiano Henrique Peixoto de Godoi, de 17 anos, é fundador do Instituto Merzenich. Trata-se de uma startup que tem como objetivo a inclusão de estudantes neurodivergentes. São alunos que possuem, por exemplo, diagnóstico de dislexia, Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH), síndrome de Tourette e autismo. 

Criada em 2022, com inspiração em Michael Merzenich, cientista pioneiro em adaptações a danos neurológicos, a startup trabalha com duas frentes: inclusão e educação. Para a primeira, criou-se a plataforma Interface de Acessibilidade para Neurodivergentes.

“Com ela, a gente instrui os professores a lidarem com qualquer síndrome de transtorno do espectro autista dentro de sala de aula. A gente elaborou cursos instrucionais, bem como planos de aula, que dão mais de 150 páginas para todos os anos do fundamental 1, e começamos a distribuição nas escolas”, explica Henrique Godoi, em entrevista à Sagres. 

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Olimpíada

Em relação à educação, o Instituto Merzenich desenvolveu a Olimpíada Nacional de Neurodiversidade, voltada a escolas públicas, que é realizada uma vez ao ano.

“É uma competição acadêmica que conta com três fases em que o aluno é estimulado a estudar sobre o tema e é beneficiado com isso, uma vez que o vencedor tem direito a uma publicação em nossa revista científica, a ONN. Também produzimos livros, que estamos terminando para distribuir nas escolas Brasil afora e que consistem na neurodiversidade. Também temos oportunidades para graduandos, que iniciar na neurociência e pretendem publicas artigos”, afirma o fundador. As inscrições para a competição foram prorrogadas até 24 de agosto.

Além disso, foi a partir de um artigo, escrito por Godoi em julho de 2022 e publicado em uma revista internacional, que o goiano se deparou com o livro “O cérebro que se transforma, de Norman Doidge. É nessa obra que o autor menciona Michael Merzenich,

“No livro, Doidge aborda como o cérebro muda ao longo do tempo e como as experiências o moldam. Outra coisa que ele fala no livro é sobre o neurocientista americano, Michael Merzenich, que é o cientista que leva o nome do projeto. Ele criou uma espécie de interface chamada de ‘fast forword’, em que ele trabalhava com as capacidades cognitivas de pessoas que haviam sofrido com trauma neurológico no começo da vida”, explica. 

Educação

Henrique Godoi considera a educação brasileira ainda “estática” em relação a estudantes neurodivergentes. Segundo ele, isso impossibilita, de fato, qualquer forma de aprendizado.

“Então ao invés de criar alguma coisa que favorecesse os que sofreram algum trauma, eu decidi criar algo que favorecesse aqueles que aprendem de um jeito diferente, que são os neurodivergentes. Não são pessoas doentes, não são deficientes. São pessoas que possuem uma condição neurológica diferente, de faz com que eles aprendam de forma diferente da que eu e você aprendemos, por exemplo”, elucida.

Prêmio internacional

Henrique Godoi está entre os 50 finalistas do Global Student Prize 2023. Trata-se de uma premiação promovida pela Varkey Foundation, e que tem como objetivo reconhecer a jornada escolar e o engajamento social de jovens de todo o mundo. A premiação, no valor de US$ 100 mil, deve ocorrer até o fim deste ano.

“Com esse dinheiro eu conseguiria  muita coisa com o Instituto que antes eu não conseguiria. Seria como uma espécie de investimento. Eu colocaria todo esse dinheiro no instituto, fazendo com que, de fato, ele se torne a maior organização de formação docente, com relação à neurociência, do país”, pontua.

Este conteúdo está alinhado aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), na Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas (ONU) ODS 04 e 09 – Educação de qualidade e Indústria, inovação e infraestrutura, respectivamente

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