Foto: divulgação / LA Lakers

Neste domingo (26), o mundo do esporte ficou abalado com a morte do ex-jogador da NBA (Associação Nacional de Basquete) Kobe Bean Bryant. O ala armador morreu, aos 41 anos, em Calabasas, na Califórnia, em um acidente de helicóptero. Kobe estava com a sua filha, Gianna Maria Onore, com o treinador de beisebol do Orange Coast College, John Altobelli, sua esposa Keri e sua filha Alyssa, Sarah Chester e a filha Payton, a técnica de basquete e educadora física da Harbor Day School, Christina Mauser, além do piloto, Ara Zobayan. Nenhuma das pessoas a bordo sobreviveu.

Kobe deixa sua esposa Vanessa Bryant e suas outras três filhas: Natalia, Bianca e a recém-nascida Capri.

O ex-jogador viajava para a Mamba Sports Academy, em Thousand Oaks, Califórnia, onde ele treinaria a equipe de basquete da filha para a disputa de um torneio. Por volta das 9h45 (14h45 no horário de Brasília), o helicóptero despencou 150 metros em 15 segundos, se chocando ao solo.

De acordo com o jornal Los Angeles Times, o Departamento de Polícia de Los Angeles e o Departamento do Xerife do Condado de Los Angeles determinaram que os helicópteros de suas frotas não levantassem voo durante a manhã de domingo por causa de um grande nevoeiro. “A situação climática não atendia aos nossos padrões mínimos de voo. O departamento exige um mínimo de duas milhas [3,2 km] de visibilidade e um teto de nuvens de 800 pés [240 metros] para voar”, afirmou o porta-voz da polícia, Josh Rubenstein.

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Foto: Reuters

Como uma pequena homenagem ao astro do basquete, a Sagres relembra os 20 anos de carreira de Kobe Bryant, que se tornou referência no esporte, desde Michael Jordan. Kobe tinha uma mentalidade vencedora e com isso conquistou títulos, recordes e até mesmo um Oscar.

Kobe iniciou sua carreira na busca por títulos e recordes em 1996, quando tinha apenas 18 anos de idade, sendo um dos mais jovens nesse aspecto. Não suficiente, aos 19 anos, ele ainda foi o jogador mais jovem a jogar um All-Star Game (jogo que participa os melhores jogadores do ano). Ao longo da sua trajetória, ainda participou de mais 17 All-Star Game.

Kobe fez história. Defendeu apenas um time na NBA, o poderoso Los Angeles Lakers, onde foi uma das peças fundamentais na conquista dos três títulos consecutivos do time, entre 2000 e 2002. Logo depois, foi campeão por mais duas vezes, em 2009 e 2010.

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Foto: Bill Oram

No dia 22 de janeiro de 2006, Kobe fez 81 pontos em apenas um jogo, contra o Toronto Raptors. Essa foi a segunda maior pontuação feita por um jogador em uma partida na história da NBA. A primeira maior pontuação foi feita por Wilt Chamberlain, em 1962, em jogo histórico que não viveu a fase das grandes transmissões de TV. Wilt fez 100 pontos contra o New York Knicks, defendendo o Philadelphia Warriors (atual Golden State Warriors).

Em 2003, Kobe se tornou o primeiro jogador da NBA a converter 12 cestas de três pontos em um jogo. Os Lakers venceram, por 119 a 98, o Seattle Supersonics (atual Oklahoma City) e ele atingiu essa marca com apenas 18 tentativas. Depois desse feito, apenas três jogadores superaram a marca: O primeiro, Stephen Curry, em 2016, conseguiu acertar 12 de 16 tentativas; Em 2018, Klay Thompson acertou 14 arremessos; E em 2019, Zach LaVine acertou 13 bolas de três em um mesmo jogo.

Kobe se tornou o jogador com mais pontos na história do Lakers. Ao longo de sua carreira marcou 33.643 pontos, superando um dos grandes nomes do time, Jerry West, que encerrou sua carreira com 29.649.

Em 2014, Kobe atingiu a marca de 32.293 pontos jogando contra o Minnesota Timberwolves. Nesse dia, ele ultrapassou a marca de ninguém menos que Michael Jordan, que se aposentou com 32.292 pontos. O atleta só foi ultrapassado, recentemente, no último sábado (25), mais de cinco anos depois, por LeBron James que anotou 29 pontos contra o Philadelphia 76ers, defendendo o mesmo Los Angeles Lakers que consagrou Kobe. LeBron chegou à marca de 33.655 pontos.

Kobe foi por muitos anos o único jogador da NBA com mais de 30.000 pontos,  6.000 assistências e todos esses recordes se transformaram em seu legado. Apesar de ser ultrapassado por novos astros do basquete, tais feitos demoraram, mesmo após sua aponsentadoria, em 2016.

Mesmo assim, Kobe jogou a sua última partida como sempre: com amor e dedicação ao esporte. O astro marcou 60 pontos na vitória dos Lakers contra Utah Jazz, por 101 a 96. Em seu último jogo, Kobe ainda quebrou recordes, se tornou o jogador mais velho a anotar pelo menos 50 pontos em um jogo na NBA, feito esse que ainda não foi superado, sendo um dos melhores desempenhos em jogos de despedida em qualquer esporte.

O ídolo do Los Angeles Lakers chegou a ser chamado pelo jornalista brasileiro André Kfouri de “o Michael Jordan de quem não pôde ver Michael Jordan”.

Oscar

Fora das quadras, em 2018, o ex-jogador do Los Angeles Lakers, ganhou o Oscar de melhor curta-metragem de animação por “Dear Basketball”(Querido basquete), que transforma em animação a carta de despedida que Bryant escreveu em novembro de 2015 para anunciar que se aposentaria do basquete no final daquela temporada. Kobe Bryant foi roteirista, narrador e produtor executivo da obra, dirigida pelo animador Glen Keane.

“Dear Basketball” foi apresentado na ocasião da aposentadoria das camisas 8 e 24 de Kobe Bryant, pelos Los Angeles Lakers, se tornando o único jogador com duas camisas aposentadas em um mesmo time. O curta foi baseado em um poema de mesmo nome escrito pelo próprio jogador para o The Players’ Tribune (Plataforma de mídia que fornece conteúdo escrito por atletas profissionais) quando anunciou que iria se aposentar. A animação conta a trajetória de Kobe pelo basquete falando sobre tudo que deu e recebeu do esporte. Com o feito, foi o primeiro atleta da história a conquistar a cobiçada estatueta.

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Mentalidade Mamba

Ao longo de sua carreira, Kobe ganhou o apelido de “The Black Mamba”(Mamba-negra), justamente por causa dos seus grandes feitos. A mamba-negra é uma cobra venenosa que habita a África e é considerada um dos predadores mais eficazes do continente, tendo uma picada poderosa.

Para Bryant, foi a metáfora perfeita para cultivar a imagem que pretendia, a “Mentalidade Mamba”. Não era somente a representação de uma figura ameaçadora para marcadores. A Mentalidade Mamba exige o máximo de qualquer um, em qualquer atividade. O próprio Kobe, dentro dessa filosofia, acabou explicando nas entrelinhas o que ela realmente significa, em frases como: “Se o jogo é realmente importante, você não sente a lesão.” “Se você me ver lutando contra um urso, torça para ele.”

Em seu documentário, chamado “Muse”, Kobe conta que após uma sequência de arremessos errados contra o Jazz, nos playoffs, saiu direto do jogo e foi para uma quadra arremessar, chegando em casa por volta das quatro horas da manhã. Jogadores afirmaram que marcavam de treinar com Kobe às três horas da tarde, ele chega às duas e se ninguém estivesse lá, Kobe simplesmente iria embora.

Em entrevistas, Kobe fala sobre a sua ética de trabalho e o preço que pagou para ser um dos melhores jogadores de todos os tempos.

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Na entrevista para o programa TEDxShanghai, Kobe explicou mais da “Mentalidade Mamba” e afirmou  que se trata do que é importante para você e a vontade que se deve ter para consquistar um sonho. “Todos nós temos sonhos e eles as vezes são muito assustadores… Então é difícil aceitar que o seu sonho não é assustador o suficiente para fazer você dizer, eu quero ele! Porque fica com medo de colocar o seu coração e a sua alma nele e depois falhar… Então como você vai se sentir sobre si mesmo? Ser destemido significa dar a cara a tapa e ir fundo, não importa o que aconteça, vá!”, afirmou. Mesmo partindo, ainda tem muito para nos ensinar.

Kobe não morreu, ele permanecerá vivo enquanto alguém se lembrar da sua história. Motivou milhares e ainda vai motivar billhões. Ao final de sua carreira ele nos agredeceu, mas somos nós que agradecemos, Muito obrigado, Kobe Bean Bryant!

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Foto: Reuters

*Matheus Pessoa é estagiário do Sistema Sagres de Comunicação, em parceria com o IPHAC e a Faculdade Araguaia sob supervisão do jornalista Vinicius Tondolo.