Tramita no Congresso Nacional um projeto de Lei (PL) que propõe a legalização de todos os jogos do país. O texto prevê liberar modalidades como cassinos integrados em resorts, cassinos urbanos, jogo do bicho, apostas esportivas, bingos, jogos de habilidade e corridas de cavalo.

De acordo com o projeto, as licenças serão concedidas por meio de leilões e os jogos serão fiscalizados por um órgão regulador e supervisor federal. Apesar de o projeto ainda estar em discussão, já existe um movimento organizado contra a proposta, denominada Movimento Brasil Sem Azar.

Em entrevista ao Sagres Sinal Aberto II desta quarta-feira (19), o coordenador da organização, Roberto Lassere, criticou, além do projeto em si, a condução da matéria.

“Essa proposta, por incrível que pareça, está sendo votada em caráter de urgência. A gente se pergunta qual a urgência que os jogos de azar têm nesse momento. É exclusivamente para fortalecer o lobby terrível da jogatina, de entidades de fora do país, de pessoas que têm interesse direto em ano eleitoral. Os jogos de azar e os grandes conglomerados estrangeiros estão atraindo os políticos em ano eleitoral e entendemos que isso não pode ser razoável para o Brasil”, destacou.

Sobre o PL, Roberto Lassere explicou o que o texto propõe e ainda chamou a atenção para o crime organizado e o problema social do vício, que pode ser fomentado nas pessoas.

“A proposta se manifesta no sentido de legalização de todos os jogos, de jogo do bicho – que está ligado a organizações criminosas -, ao bingo – que foi legalizado em 2002 e voltou a ser proibido. Estamos falando da regularização de máquinas caça-níquel, que são máquinas que tiram tudo das pessoas, cada centavo. E também a legalização dos cassinos, que a gente sabe, segundo a Polícia Federal e Receita Federal, que podem ser portas abertas para lavagem de dinheiro, corrupção, evasão de receitas, sonegação fiscal e crimes de colarinho branco”, criticou.

O coordenador ainda argumenta que o Congresso Nacional tem outras prioridades neste momento que vive o Brasil. “Isso é o que quer se votar hoje na Câmara dos Deputados em regime de urgência em um país assolado por uma pandemia complicadíssima, por déficits fiscais e por desemprego”, alegou.

Questionado se a regulamentação poderia ajudar a coibir crimes, como lavagem de dinheiro e corrupção, Roberto Lassere acredita que não. “O Brasil tem um grande problema, quando não consegue controlar, a tendência é legalizar. Se fala disso em relação à questão das drogas, e o jogo de azar não é diferente. Não vai fazer com que deixe de haver jogos de azar praticados de uma maneira ilegal. Vou dar um exemplo muito claro: o cigarro hoje é legal no Brasil, mas a Anvisa, em 2017, disse que existem no Brasil 90 tipos e marcas de cigarro que são ilegais e comercializados no país. Ou seja, você tem atividades que são legalizadas e que não afastam de forma nenhuma as ilegais”, defendeu.

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