O leite longa vida (UHT ou pasteurizado) foi o maior vilão na inflação medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) no primeiro semestre deste ano

No período acumulado dos seis primeiros meses de 2009, o produto registra uma alta de 28,88%, contribuindo sozinho com 0,29 ponto porcentual (pp) – a maior contribuição individual – para o IPCA acumulado de 2,57% de janeiro a junho deste ano.

 

Apenas em junho, segundo o IBGE, os produtos alimentícios registraram alta de 0,70% no IPCA, ante avanço de 0,44% em maio. No mês passado, o leite pasteurizado subiu 12,1% e representou a principal contribuição individual (0,14 pp) no indicador daquele mês. Por outro lado, os produtos não alimentícios desaceleraram a alta para 0,26% em junho, ante avanço de 0,48% em maio.

 

A coordenadora de índices de preços do IBGE, Eulina Nunes dos Santos, fez um levantamento mostrando que a alta do leite longa vida no primeiro semestre de 2009 superou os resultados acumulados em anos inteiros a partir de 1995, já com a vigência do Plano Real. No ano passado, por exemplo, o leite pasteurizado acumulou um aumento de 4,89%. O recorde anterior de alta, desde o início do Plano Real, havia sido apurado em 2002, ano em que o produto registrou aumento de 22,73%.

 

Segundo Eulina, “ainda não está claro” qual o motivo da elevação forte de preços que tem ocorrido no leite. Segundo ela, o produto está em período de entressafra, mas esse fator não justificaria um aumento tão elevado. Ela citou também um possível aumento da demanda externa pelo leite.

 

Eulina listou, além do leite, outros 17 produtos que mais contribuíram para a alta de preços nos seis primeiros meses deste ano no IPCA. No ranking, abaixo do leite, figuram os colégios (alta de 5,16% e contribuição de 0,25 pp para a taxa acumulada no primeiro semestre); cigarro (27% e influência de 0,23 pp) e empregado doméstico (6,12% e 0,20 pp).

 

Crise

 

Ainda segundo Eulina, os dados do IPCA no acumulado do primeiro semestre deste ano, com alta de 2,57%, bem abaixo do acumulado em igual período do ano passado (+3,64%) mostram que a crise econômica teve um efeito de conter a inflação no País, já que incentivou medidas como a redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para alguns produtos e reduziu a demanda, evitando aumentos de preços. “O contexto da inflação em 2009 reflete uma diminuição da atividade econômica”, afirmou.

 

Ela explicou que “no primeiro semestre do ano passado havia uma situação muito diferente para a inflação, com forte pressão dos preços das commodities (matérias-primas) por causa da demanda mundial”.

 

Além disso, os dados do IPCA acumulados nos últimos 12 meses até junho “deixam claro que há uma trajetória declinante da inflação, com a substituição de taxas mais altas de 2008 por números mais baixos de 2009”, afirmou a coordenadora de índices de preços do IBGE. Eulina exemplificou que, após sair do nível em torno de 4% em março do ano passado (quando era de 4,73%), o IPCA acumulado em 12 meses ficou em torno de 5% a 6% até maio deste ano, quando o IPCA acumulado em 12 meses chegou a 5,2%. Nos últimos 12 meses até junho, a taxa acumulada caiu a 4,8%.

Fonte:www.dm.com.br