Foi lançado recentemente o livro “Educação Ambiental em Unidades de Conservação: fundamentos e práticas”, que reúne experiências e resultados de um projeto apoiado pela FAPESP. Este projeto investigou planos e práticas de educação ambiental em quatro Unidades de Conservação (UCs) do Estado de São Paulo.

O livro destaca a abordagem inovadora do projeto, centrada na participação social e no diálogo, envolvendo a comunidade local, pesquisadores e gestores dos territórios. Essa colaboração permitiu a construção e investigação de propostas educativas focadas na biodiversidade e sociodiversidade das UCs.

Coordenado por Rosana Louro Ferreira Silva, líder do Grupo de Pesquisa em Educação Ambiental e Formação de Educadores (GPEAFE) do Departamento de Zoologia do Instituto de Biociências da Universidade de São Paulo (IB-USP), o projeto fez parte da chamada de propostas “Conservação, restauração e uso sustentável da biodiversidade em Unidades de Conservação”.

Este programa é uma parceria entre a FAPESP, a Secretaria de Meio Ambiente, Infraestrutura e Logística (Semil) e a Fundação Florestal do Estado de São Paulo. O objetivo é produzir análises e experiências que auxiliem na implementação, ampliação e monitoramento de políticas inovadoras para a gestão de UCs.

Colaboração

Jean Paul Metzger, membro da coordenação do Programa BIOTA-FAPESP, enfatiza que as análises e experiências devem ser produzidas de forma colaborativa, não apenas pelos pesquisadores. “É a parceria e o diálogo entre pesquisadores, educadores e gestores das UCs que vão resultar na produção de conhecimentos com grande impacto para a conservação da biodiversidade”, afirma.

“Desejo que possamos produzir cada vez mais conteúdos em parceria entre a Semil e as universidades”, destaca Jônatas Souza da Trindade, subsecretário de Meio Ambiente do Estado de São Paulo. “Este livro traz os resultados de um trabalho de qualidade, com o envolvimento dos gestores das UCs e com potencial de mudança e é isso que faz diferença na vida das pessoas.”

A pesquisa foi conduzida em quatro UCs com demandas e realidades distintas: Parque Estadual (PE) do Jaraguá, Área de Proteção Ambiental (APA) Parque e Fazenda do Carmo, Núcleo Santa Virgínia do Parque Estadual da Serra do Mar e APA Corumbataí/Piracicaba. Ferreira Silva destaca a importância do referencial teórico da aprendizagem social na pesquisa realizada.

“Nós trabalhamos com a perspectiva de que aprendemos e produzimos conhecimentos coletivamente, planejando, agindo, refletindo e replanejando juntos. E pesquisamos os processos de comunicação, negociação, reflexão e participação que aconteceram nesses caminhos”, explica a pesquisadora.

O livro

O livro é dividido em oito capítulos, que trazem as diferentes propostas de trabalho realizadas – sempre adaptadas às características específicas de cada território –, como a construção colaborativa de cursos de formação de professores, juntamente com monitores e gestores das UCs; a implantação do Programa de Educação Ambiental da APA Corumbataí/ Piracicaba; um projeto de educomunicação que produziu quatro vídeos, sendo um deles com jovens indígenas que vivem no entorno do Parque Estadual do Jaraguá; além de diversas atividades do projeto de ciência cidadã com abelhas nativas na APA Carmo e do PE Jaraguá.

Além de consolidar os resultados do projeto, a publicação do livro também alimenta o potencial de replicação dessas práticas em outras áreas protegidas. “Entendemos que a pesquisa traz subsídios para outras UCs aprimorarem seus planos de educação ambiental e implementarem ou replicarem a formação de monitores e professores, envolvendo a comunidade local de acordo com a realidade de cada UC, utilizando ferramentas de aprendizagem social e educomunicação”, destaca Ferreira Silva.

Para Adriana Neves da Silva Carvalho, assessora de Educação Ambiental da Fundação Florestal que participou de todo o processo, a parceria entre pesquisadores e Unidades de Conservação potencializa a gestão desses territórios.

“Especialmente neste momento, em que temos um Programa de Educação Ambiental Estadual sendo construído, é de extrema importância termos essa pesquisa participativa com o desafio de olhar e pensar a educação ambiental como um componente de destaque dentro da gestão das UCs”, analisa Silva Carvalho. Com 116 páginas, a obra pode ser baixada gratuitamente pelo site da editora.

*Com informações de Érica Speglich, do boletim BIOTA Highlights, e da Agência Fapesp

*Este conteúdo segue os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), da Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas (ONU). ODS 04 – Educação de Qualidade

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