A Sagres 730 recebeu neste sábado (16) durante o programa “Hora do Esporte” o treinador com o melhor aproveitamento do Campeonato Goiano. Demitido do Jaraguá após a sétima rodada, Lucas Oliveira segue com os melhores números da competição. Foram cinco vitórias, um empate e uma derrota, além de 76,6% de aproveitamento e o Gavião da Serra na liderança do estadual na ocasião.
“A campanha que fizemos com o Jaraguá, os números, contra isso não tem como argumentar. O trabalho foi muito bem feito, não só por mim, todos contribuíram muito para que esses números fossem alcançados. Principalmente os jogadores que compraram uma ideia maluca de um treinador jovem que tinha apenas uma chance de fazer algo diferente, de fazer dar certo”, destacou Lucas.
O treinador ainda revelou que a “ideia maluca” a que se referiu faz parte do planejamento que traçou para a equipe principalmente nas rodadas iniciais do Campeonato Goiano.
“Eu tinha o pensamento de que no primeiro jogo, nós teríamos que estar como se fosse no meio da temporada. Era a única chance que a gente tinha para vencer as equipes que ainda estavam se preparando, principalmente os maiores como Atlético, Goiás e Vila Nova, esse último que precisou se remontar. A nossa ideia era essa e a pré-temporada foi dessa forma, nós desgastamos demais os jogadores. Mas eles entenderam que era a única forma de sairmos vencendo e fazer a pontuação que a gente precisava para não cair”, explicou.
Campeão da Divisão de Acesso na temporada anterior, o Jaraguá conseguiu manter uma base e iniciou a preparação para o estadual no dia 17 de dezembro de 2019. “A gente trabalhava muito as partes tática e física para que iniciássemos a temporada como se já estivéssemos no meio dela. Quando falo da ‘ideia maluca’ é porque treinávamos dois períodos, oito a nove sessões de treinos por semana para deixar tudo pronto. A parte tática foi muito importante para essas vitórias acontecerem, a leitura tática que os jogadores tiveram e nós insistimos muito nisso durante a temporada”.
Futuro
Desde a sua demissão no dia 23 de março, o profissional não assumiu mais nenhum clube, mesmo com algumas sondagens. Antes de comandar o Jaraguá, chegou a estar acertado com o Resende do Rio de Janeiro para trabalhar nas categorias de base. Entretanto, a ideia é continuar no futebol profissional, mas fora do estado.
“Sinceramente eu acho que tenho capacidade para ter voos maiores. Aqui em Goiás, por todas as coisas que já fiz, os resultados que já tive, as campanhas e os trabalhos, sempre vai pesar eu ser filho do Roberto Oliveira. Infelizmente no futebol talvez ele mais me atrapalhe do que me ajude, nessa situação. Então a ideia é sair para outros lugares, tenho essa vontade”, afirmou.
Filho de Roberto Oliveira, técnico que teve passagens importantes por Atlético, Goiás e Vila Nova, Lucas planeja voltar ao estado com a carreira já consolidada. Todavia, não descarta um trabalho inicial como auxiliar caso haja oportunidade.
“A ideia é poder fazer meu nome, consolidar minha carreira fora para depois voltar para um dos times grandes aqui de Goiás (…) ou até mesmo começar num clube grande aqui do estado como alguns desse treinadores jovens fizeram, o Jair (Ventura), Osmar Loss, Tiago (Nunes) que ficou como auxiliar do Athleico-PR por muito tempo até assumir um desses grandes times de Goiás. Aí sim seria uma boa ideia”, pontuou.
Além do espelho do pai, que também é treinador, ele revelou que outro técnico do futebol brasileiro o inspirou a seguir na profissão. “Eu sempre gostei muito do Vanderlei Luxemburgo. Talvez pela minha adolescência, por ter visto o Palmeiras de 1996, que brilhou com Djalminha, Muller, Rincón e Rivaldo. Eu gostava muito daquele time e de vê-lo jogar. O Vanderlei sempre foi um caminho a ser seguido”.
Quase jogador
Apaixonado pela atual profissão, Lucas Oliveira tentou seguir outro caminho quando era mais jovem. Com o sonho de ser jogador de futebol, viajou para a capital paulista no intuito de fazer teste e ingressar nas categorias de base do tricolor do Morumbi. Um problema de saúde o fez mudar –não totalmente- o rumo de sua carreia.
“Dizem as más línguas que eu tinha muita qualidade, era um meia canhoto com muita qualidade. Em uma das viagens na casa dos meus tios em São Paulo um dos captadores do próprio São Paulo me viu e me convidou para ficar uma semana lá. No processo eu tinha que levar os exames para apresentar para o clube, no entanto apareceu um problema no coração e desde então eu encerrei minha carreira como jogador de futebol”, relembrou.
“Dei muito trabalho para minha mãe porque era o que eu queria, o que eu gostava. Muitas vezes saí de casa escondido para jogar futebol, muitas vezes ela descobria e me tirava de dentro do campo. Meu pai, por tudo que ele foi, queria que eu tivesse jogado e acabou que não tive essa oportunidade”, revelou Lucas.
Ouça na íntegra a entrevista de Lucas Oliveira à Sagres 730: