Lula solto ou Lula preso, o Brasil depende de Lula. Do que vai acontecer com ele. Do que ele vai fazer. De quem ele vai escolher como sucessor, se não for candidato. De como o eleitor está vendo tudo que acontece e vai reagir nas urnas.
As decisões deste domingo importam pelo que representam na rodem das coisas, ou desordem: mais um fato, mais um elemento no ar, mais tempero na frigideira.
Temos neste momento uma situação de passagem de bastão. Todos os olhos e corações vidrados na Copa da Rússia se voltam de repente para a eleição. Copa já era, eleição já é.
Os fatos novos do dia reforçam o caráter político que envolvem a prisão do ex-presidente e a sua manutenção no encarceramento. E lançam mais dúvida sobre sua candidatura.
Pode ser que, a partir dos últimos acontecimentos, mais se faça para que fique estabelecido que Lula está definitivamente fora do jogo. Mas pode ser também que não, que isso funcione como pressão para garantir-lhe o direito de ir às urnas.
Pode ser ainda que tudo funcione de outra forma: para que o nome indicado por Lula seja eleito como agente da vingança dos eleitores que têm cada dia mais razões para acreditar em perseguição política, em vez de certeza de justiça sendo feita.
São conjecturas. São possibilidades. A guerra jurídica é antes de tudo uma guerra política e os atingidos somos nós. Não há paz à vista. Ao contrário. O bombardeio cruzado está forte, e vai aumentar.
Os operadores da Justiça que confraternizam com um lado enquanto condenam o outro tem muito o que explicar. Sérgio Moro é herói tucano ou herói brasileiro? O STF é garantidor ou desestabilizador? Moro é maior que todos?
Incomoda a pasmaceira na disputa sem Lula. Os pré-candidatos não saem do lugar. O Brasil não enxerga saída no que enxerga. Como explicar a que ponto chegaram, à sombra do petista, mostra-se questão fundamental, porque é radiografia da falência geral e irrestrita, como política, e como Justiça.
O Brasil que avança sobre Lula não vence o Brasil que avança com Lula. O Brasil sem Lula é uma massa disforme, agressiva, indeterminada. Se Lula não é o ideal, a política brasileira, sem ele, muito menos o é. E se dobra a cada movimento, se contorce, se retorce. Vale tudo, com torcida apaixonada para louvar os fins que justificam os meios.
Para quem quer o ex-presidente preso e fora da eleição, a luta continua. Para quem o quer presente, também. Lula se faz cada vez mais centro do Brasil. A guerra jurídica é guerra política – e vice-versa. A guerra é nossa.
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