JULIANA BRAGA / BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – Assombrado pelo fantasma das manifestações de 2013, o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) pretende priorizar a classe média e evitar as cobranças que petistas sofreram no passado.

“Sabemos que perdemos parte do segmento e queremos focar para maior aproximação e conquistá-lo, sim”, diz o ministro do Desenvolvimento Social, Wellington Dias.

Dentre as políticas voltadas para o grupo estão as faixas de isenção do imposto de renda, linha específica do Minha Casa, Minha Vida, um programa para os endividados e o reforço do Pronampe (Programa Nacional de Apoio às Micro e Pequenas Empresas).

Na última quinta-feira (16), o próprio Lula deu o tom de qual deve ser o tratamento dado ao segmento.

“É preciso que a gente atenda a classe média, porque no fundo, no fundo, é a classe média que não é contemplada em quase nada das políticas públicas do Estado. Porque como ela ganha R$ 8 mil, R$ 9, R$ 10 mil reais, ou seja, não tem casa popular para eles, não querem morar numa casa de 40 metros quadrados”, declarou durante o anúncio de reajuste para bolsas de pesquisa.

“A gente não faz uma casa maior, então eles também não podem comprar, então ele fica órfão de pai, de mãe e de governo. Então nós precisamos pensar que, além de cuidar das pessoas mais pobres, nós temos que cuidar das pessoas da classe média, porque são eles que sustentam a economia desse país.”

A preocupação não é à toa. Entre dirigentes do PT, em especial aqueles que participaram do governo da ex-presidente Dilma Rousseff, há uma avaliação que ao focar nas classes mais pobres, o partido acabou perdendo interlocução com parte significativa da população. Muitos enxergam nas manifestações de 2013, quando uma das principais reclamações era a melhoria de serviços públicos para a classe C, a semente do que culminou no impeachment em 2016.

Há ainda um viés econômico na atenção. “Classe média maior é mais segurança para própria economia, pois criamos também elevado poder de consumo e ficamos menos dependentes das crises internacionais”, avalia Dias.

O ministro ressalta que nos governos petistas, com a ascensão dos mais pobres, a classe C chegou a representar 54% da população. Hoje, passado um período de pandemia mundial, representa apenas 43%, segundo afirma.

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