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O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou nesta quinta-feira (23), em entrevista concedida com exclusividade à Rádio 730, que gostaria de enfrentar Luciano Huck nas urnas por considerar que este é um candidato da Rede Globo de Televisão.

Huck faz parte de um grupo que tem ganhado força nos últimos anos, os chamados ‘outsiders’, ou pessoas que nunca tiveram experiência na política. Um dos mais conhecidos outsiders mundo afora é o milionário e presidente norte-americano Donald Trump.

Segundo a pesquisa Barômetro Político Estadão-Ipsos, divulgada nesta quinta-feira pelo jornal Estadão, a aprovação ao nome de Huck apresentou um salto de 17 pontos porcentuais desde setembro, passando de 43% para 60%. Esta pesquisa não é focada nas intenções de voto e sim na aceitação do nome.

Dados referentes ao último levantamento feito pelo Ibope, em outubro/2017, acerca das intenções de voto dos brasileiros mostraram que Lula tem 35% das intenções de voto para presidente, seguido por Bolsonaro com 13% e Marina Silva, que tem 8%. O apresentador Luciano Huck obteve 5%.

Ao ser questionado sobre o fenômeno outsiders, Lula disse não crer que alguém que é inexperiente na política reúna condições para governar o país. “Não acredito em outsiders. Não acredito que você possa encontrar fora dos partidos políticos alguém que possa salvar esse país. Tudo o que eu quero é enfrentar um candidato com o logotipo da Globo na testa”, afirma.

Quanto a Jair Bolsonaro, o ex-presidente declarou que este apesar de se considerar um outsider, está há quase 28 anos no Congresso. “Eu acho que ele (Bolsonaro) tem todo o direito de ser candidato. Ele já é deputado há sete mandatos, está há quase 28 anos no Congresso Nacional e o mais engraçado é que ele diz que não é político. Eu não costumo desfazer das pessoas, quem vai decidir é o povo brasileiro. Ainda tem uma procura por candidatos. Estão tentando inventar o Huck, o ex-ministro Joaquim Barbosa, o Moro, enfim. Cada um inventa o que quiser”, ressalta.

Em relação ao processo judicial que responde pelo caso do tríplex do Guarujá e sobre o andamento da Lava Jato, o ex-presidente voltou a dizer que é inocente. “Você tem que investigar com base nos autos do processo. Todo dia eu recebo informações de gente que vai fazer delação premiada e que eles pedem para falar o nome do Lula. Se não falar o nome do Lula a delação não vale. Eu acho que apurar a corrupção nesse país é uma necessidade, o que não pode é o cara ter um viés político”, analisa.

Goiás

Durante a entrevista Lula também avaliou a possibilidade de que o PT forme alianças com o PMDB nos estados e municípios em 2018.

Conhecido por sua boa relação com o PMDB goiano, principalmente com o ex-prefeito de Aparecida de Goiânia, Maguito Vilela (PMDB), o ex-presidente não descartou a possibilidade de que a aliança entre as duas siglas se concretize no estado.

“Você precisa fazer alianças para governar. Um candidato como eu precisa menos fazer alianças para ganhar as eleições do que para governar. Quando você ganha você precisa de maioria no Congresso e você vai ter que conversar com quem existe (partidos). Se alguém disser que vai governar o Brasil sem fazer nenhuma aliança política, estará mentindo antecipadamente”, resume.

Lula tem um bom trânsito com Maguito, mas não pode dizer o mesmo em relação ao governador do estado, Marconi Perillo (PSDB). Há cerca de quatro anos Perillo afirmou que Lula seria “o maior canalha do Brasil”. Sem nunca antes ter se pronunciado a respeito do assunto, o petista decidiu quebrar o silêncio.

“Nunca respondi porque eu não costumo responder bobagens. O Marconi Perillo sabe o que ele é, sabe o que ele faz e eu não posso ficar respondendo. Estou muito tranquilo, o governador é responsável pelas palavras dele. Deixa ele continuar falando”.

Acompanhe a entrevista em áudio e vídeo:

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